Bruno Mars Causa Polêmica no RIO

Parece que o amadorismo teima em se fazer presente nos megaeventos de entretenimento ao vivo, arrastando a reputação do mercado para patamares de credibilidade baixa. Até quando isso irá se manter...

Em sua passagem pelo Brasil, no ano passado, em duas apresentações concorridas no festival de música The Town, em São Paulo, Bruno Mars, um dos mais famosos pops stars da atualidade, prometeu que voltaria ao país em breve.

E agora, a Live Nation, uma das mais conceituadas e representativas empresas globais de entretenimento ao vivo anunciou uma turnê especial pelo país, com passagens por São Paulo, Rio e Brasília.

Os ingressos vendidos a preços que variam de R$ 275 (meia-entrada) a R$ 1.250 (inteira); fora a taxa de serviço para compras on-line, entre 10% e 20% do total, tendo limite de 6 ingressos por CPF, rapidamente se esgotaram, o que incentivou o anúncio de mais 4 shows extras, 2 em SP e 1 em cada praça integrante da agenda do artista.

No Rio de Janeiro, as apresentações iriam ocorrer nos dias 04 e 05 de outubro, sexta-feira e sábado, antecedendo as eleições municipais agendadas para o dia 06 de outubro.

Porém, ao tomar ciência do calendário dos eventos, no município, o prefeito Eduardo Paes esbravejou e disse que não iria aceitar tal organização no período divulgado, gerando uma manifestação oficial sobre o tema no X: "Imaginar que vai se fazer qualquer grande evento no Rio de Janeiro (diria até que no Brasil) às vésperas das eleições é absurdo pela necessidade de mobilização de uma grande quantidade desses mesmos agentes públicos".

“Informamos isso à produção do show do artista Bruno Mars no mesmo dia da divulgação da data do dia 4 de outubro para o show no Rio de Janeiro. Mesmo assim eles fizeram a venda de ingressos. A prefeitura do Rio de Janeiro não deu e não dará a autorização para o referido espetáculo na semana das eleições” completou o prefeito em outra rede social, dizendo que o RIO não é a Casa da Mãe Joana, expressão popular que evidencia um espaço sem regras e normas.

Ele afirmou ainda que o povo gosta de festa, de zoar, mas que a responsabilidade é a máxima que não pode ser negligenciada, sobretudo no que diz respeito a segurança.

A Live Nation, em função disso, cancelou a venda dos ingressos para o dia 5, mas o dia 4 já está esgotado. A empresa ao ser procurada para mais informações sobre a primeira data foi vaga em seu comunicado nas redes sociais, conforme trecho abaixo:

A Live Nation fala em "atualizações sobre as datas", sem dar mais detalhes: "Trabalharemos em estreita colaboração com o gabinete do prefeito para encontrar uma solução para os fãs. Todas as informações de pré-venda e venda serão divulgadas em breve junto com atualizações sobre as datas do evento".

Nós, profissionais do setor, ficamos cada vez mais estarrecido, com atitudes que revelam um amadorismo ímpar.

Apesar dos alertas, a venda de ingressos foi efetuada, levantando questões sobre a validade dessas ações. E não adianta dizer que o prefeito da cidade do RIO quer palco. Ele está certíssimo. Ele tem que responder pela ordenação da cidade, sobretudo, com fatos que estão além do cotidiano e que podem causar preocupações adicionais e nesse caso há o conflito direto com a disponibilidade das forças policiais e da Guarda Municipal, essenciais para a segurança durante os dias de votação.

Um megaevento demanda articulações entre o privado e público, não há como pensar em um projeto dessa magnitude sem considerar tal parceria.

A movimentação de mobilidade mexe com espaços públicos, necessita de planos específicos e não há agrupamento de segurança privada que tenha esse escopo de atuação.

O calendário de eventos local é algo que não pode ser desprezado a ponto de ser considerado algo irrelevante, pois o nosso evento denota – de forma leviana – ser superior.

A falta de comprometimento da organização gera situações de stress e desânimo do público, que não tem suas demandas atendidas de forma plena.

Imagina o que se passa na cabeça das pessoas que – com todas as dificuldades compraram os ingressos para o dia 04, com lotação máxima esgotada do estádio Nilton Santos, conhecido como Engenhão?

Ausência de suporte, canais de comunicação que não funcionam, informações truncadas, enfim... um caos, uma crise gerada pela própria promotora, que parece ter iniciado sua trajetória no dia de hoje e não ter um lastro de décadas de atuação no setor.

Até quando esses cenários frágeis ganharão espaços na mídia, trazendo uma perda de reputação para todo o setor, que acaba se prejudicando com tamanho despreparo em planejamento de seu negócio.

Em suas devidas ponderações... já vimos o que ocorreu no dia 17 de novembro de 2023, no mesmo estádio...

Basta!!! Parafraseando Bóris Casoy: "Isso é uma Vergonha!"