Se pararmos para analisar essa frase, basicamente o que estamos dizendo é que a caixa é tudo aquilo que vivemos hoje, tudo aquilo que já faz parte do nosso dia a dia e não nos surpreende mais, e finalmente tudo aquilo que é comum a nós.
Então para termos sucesso, ganharmos notoriedade, prêmios e concorrências, precisamos pensar fora desse ambiente comum, pensar em algo que transcenda o que já foi criado. Correto? Na minha humilde opinião, gostaria de discordar!
Quando olho para grandes marcas como Apple e Google, me pergunto quais são seus principais diferenciais? Tecnologia? Com certeza sim, mas em parte, afinal, isto é praticamente uma obrigação!
Chego então à conclusão que a grande diferença destas marcas e de tantos outros ícones em seus segmentos está no fato de voltarem seus olhares para dentro da caixa, ou seja, terem o seu foco em tudo aquilo que é comum ao homem, e aliarem a sua tecnologia a algo básico, comum a nós, aos nossos instintos comportamentais, desejos e anseios, transformando a utilização dos seus produtos em uma extensão do nosso comportamento prático e real, em uma relação de confiança e troca.
Apesar de sermos únicos como indivíduos, existem características em nós que são comuns a todos, e uma em especial e que nos move é o fato de sermos seres esperançosos, cremos que algo melhor ainda está por vir. Existe uma palavra em provérbios que diz: “A esperança que se adia faz adoecer o coração, mas o desejo cumprido é arvore da vida” (13:12). Essa característica inata gera em nós uma expectativa constante, uma esperança de sermos surpreendidos por algo melhor. E se analisarmos perceberemos que muitas das coisas que nos surpreendem no nosso dia a dia, que nos fidelizam a algo, e por que não a um cliente ou marca, são as mais simples, aquelas que fazem parte da caixa. Ou seja, ao cuidado genuíno e eficaz por excelência.
Hoje estamos vivendo no mundo em que temos nos forçado a caminhar sem grandes expectativas por não acreditarmos mais no respeito, na honestidade, no fazer o bem sem ver a quem, no compromisso, na palavra e na ética profissional. Quando recebemos um e-mail dizendo: “Você ganhou uma bolsa”, logo pensamos “qual é a pegadinha?”, e depois descobrimos que, na verdade, só ganharemos aquela bolsa se comprarmos algo acima de R$ 500,00. Poderia até chegar a falar dos nossos governantes, mas prefiro deixá-los para outra hora. Refiro-me a nós mesmos. Faça uma retrospectiva e veja se essa semana falou que chegaria às 10h00 em uma reunião, e chegou 15 minutos depois, ou ainda se falou que mandaria um orçamento naquele dia e já se passaram três e ainda não enviou. Isso talvez não lhe pareça grave o que já é grave, mas pense então numa concorrência que você trabalhou duro, mas perdeu, não por incompetência, mas por protecionismo, ou ainda por uma dose de coleguismo desonesto. Alguém já diria, “o mundo é dos espertos”, e acredito que realmente seja. Mas, acredito que seja daqueles que são espertos o suficiente para ver que palavra, compromisso, índole, integridade, honestidade, agilidade, eficiência, pró-atividade nos tempos de hoje são entregas que poucos tem feito, e que são esses que realmente tem surpreendido.
Queremos ser surpreendido por algo melhor, e o melhor hoje em dia tem sido o de receber o correto, o justo, o combinado. Não sou ingênua em pensar que por trás disso não precisamos ter boas ideias, planejamentos estratégicos minuciosamente elaborados, grandes sacadas criativas, sim tenho certeza que sim, mas tenho certeza também que hoje existem muitos criativos, planners, produtores extremamente competentes. Um pode ganhar um dia, e no seguinte ser o outro fulano que teve uma ideia melhor, mas o que tem surpreendido os clientes, o que tem realmente fidelizado são aqueles projetos entregues não só carregados de boas ideias, mas combinados com um processo de trabalho correto, atencioso, prestativo e humano, fazendo com que o cliente tenha a convicta esperança, ou melhor, a certeza que ele está ao lado de pessoas em que pode confiar que estão alinhadas em um mesmo propósito, não só pela entrega perfeita, mas pela segurança de ter ao seu lado um time que faz simplesmente tudo para fazer o correto.
Olhe para dentro da caixa, para os valores que talvez fossem tão fortes no início da caminhada, e com o crescimento foram esquecidos. Olhe para dentro da caixa e ache algo mais valioso que a ideia, e se torne a extensão natural do seu cliente.
* Tati Aulicino é diretora geral da TAG Produções Especiais
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