Carnaval do Rio é eleito o melhor evento do mundo por Millennials

Evento de premiação do site Trazee Travel aconteceu ontem (18), nos Estados Unidos.






Apesar de ser um evento tradicional, o Carnaval carioca nunca sai de moda e ultrapassa gerações. É o que mostra a eleição do site americano Trazee Travel, que tem foco na geração Millennials. O site elegeu o Carnaval do Rio como o melhor evento do mundo através da votação de viajantes de até 35 anos. Além do Carnaval, receberam o prêmio, nesta ordem, a corrida de Touros de Pamplona (Espanha), Oktoberfest (Alemanha), a Festa da Lua Cheia (Tailândia) e o festival South By Southwest (Estados Unidos).

Com leitores que realizam, em média, seis viagens internacionais a cada três anos, o Trazee Travel premiou a folia carioca durante a convenção da Global Business Travel Association (GBTA), que aconteceu em Boston (EUA) na noite de ontem (18).

De acordo com Sonia Chami, presidente-executiva do Rio Convention & Visitors Bureau, entidade escolhida para receber a premiação, a eleição do carnaval carioca pela geração Y representa a importância do evento não apenas para o Brasil, mas para o mundo. “Os Millennials são fundamentais para manter aquecida a indústria do turismo e a divulgação da nossa cidade. São pessoas seletivas e que utilizam de várias fontes antes de tomar decisões, incluindo as de viajar. Devemos lembrar que falamos de um grupo que viaja com o objetivo de conhecer novas culturas e é extremamente influenciado por críticas online. A premiação mostra que o Rio continua nos trading topics dos destinos internacionais graças à nossa cultura, ao nosso Carnaval”, comemora Sonia Chami.

Eric Boulanger, do Rio CVB, recebeu o prêmio em Boston

Para o presidente da Riotur, Marcelo Alves, o prêmio representa todo o esforço realizado pelos envolvidos com o carnaval carioca. "A Riotur, em nome do prefeito Marcelo Crivella, está imensamente feliz com o prêmio do site Trazee Travel. Isso reflete o quanto trabalhamos e o quanto foi investido em tempo e criatividade para essa grande festa. Temos a convicção de que começamos pensando grande na nossa gestão. E para que o Carnaval de 2018 seja mais emblemático, estamos há dez dias focados no nosso grande plano de marketing desenvolvido para que no ano que vem tenhamos um espetáculo maior, com o envolvimento de marcas emblemáticas que, depois desta premiação, não vão querer ficar de fora ", ressalta Marcelo Alves.

No entanto, em contraste com a ótima notícia trazida pelo site americano Trazee Travel e, ainda mais, com a protocolar comemoração do presidente da Riotur, está a decisão do prefeito do Rio, Marcelo Crivella, de não repassar os mesmos R$ 24 milhões que a prefeitura deu às escolas de samba para o carnaval 2017, prometendo apenas a metade disso para 2018, alegando que pretende usar o dinheiro para pagar as creches conveniadas com o município.

Aparentemente, pode até parecer uma atitude razoável, diante da grave crise por que passam tanto o Estado do Rio de Janeiro, quanto sua capital. Tanto isso é verdade que uma pesquisa de opinião feita pelo Instituto Paraná Pesquisas, por encomenda do jornal O Dia, revelou números preocupantes para as escolas de samba e para o evento como um todo, atingindo todo o trade turístico. Segundo o levantamento, 78,5% dos concordam com o corte da verba da Prefeitura para as agremiações; 19,8% discordam. São 62,2% os que acham que as escolas devem buscar ajuda somente na iniciativa privada, contra 34,3% que defendem a permanência de alguma subvenção. Questionados sobre eventuais perdas para o Rio caso os desfiles não aconteçam, 65,9% dos entrevistados acreditam que a cidade não perde muito.

Não é o que parece, diante da decisão da Liga das Escolas de Samba do Rio de não realizar os desfiles das escolas do grupo especial do Rio de Janeiro no carnaval de 2018, já que, garantem, o corte de metade da verba vai tornar inviável o desfile do ano que vem. Em nota, a Liesa se disse surpresa e destacou a importância do evento para a cidade. Não é razoável desprezar “os enormes benefícios econômicos, financeiros, de geração de empregos e de renda, além da valorização da imagem da cidade do Rio de Janeiro e do Brasil, e também o aumento substancial de arrecadação de impostos e receitas diretas e indiretas proporcionadas durante o período de preparação e realização dos desfiles carnavalescos”, afirma a nota.

O trade turístico da cidade já vem sofrendo perdas significativas graças não apenas à crise econômica, mas também ao descontrole da segurança pública e aos efeitos dos escândalos, que vêm reduzindo drasticamente os investimentos públicos em obras e negócios. Indignada, Cristina Fritsch, presidente da Abav-RJ, considera a decisão do prefeito “um insulto a toda população, já que é uma cerimônia tradicional, não se trata de gostar ou não de carnaval. Fica a dúvida se a motivação é por convicções religiosas ou se ele desconhece a receita que este evento gera para a cidade”, questiona.

De fato, avaliando melhor os posicionamentos do prefeito Crivela, sua alegada preocupação com as criancinhas torna-se bem duvidosa, revelando-se mais um álibi do que outra coisa mais nobre. Provavelmente motivado por questões religiosas, ele já havia iniciado uma guerra declarada contra o carnaval do Rio desde que ignorou a festa deste ano, ausentando-se da cidade, em fevereiro passado, mesmo depois dos acidentes na Marquês de Sapucaí. Mais recentemente, ele decidiu não comparecer à entrega das chaves da cidade para o Rei Momo, uma tradição carioca.

Uma pena que a safra atual de políticos se mostre tão pouco republicana, abraçando um deplorável viés personalista.


Fonte: assessoria