Cenografia em todos os sentidos

O verdadeiro sentido da Cenografia é transportar, elevar ao grau máximo do deslumbramento, tirar do lugar comum, provocar vivências, propiciar experiências, surpreender, fazer chorar, fazer rir! Isso sim é cenografia e faz todo sentido a quem a vivencia.

Conceber cenografia para eventos corporativos nos últimos anos tornou-se um grande desafio de interpretações.

Temos debatido frequentemente na ABRAFEC - Associação Brasileira de Fornecedores de Cenografia, o quanto a palavra Cenografia ainda representa a nossa atividade.

O crescente surgimento de empresas com essa denominação traz à luz o debate, não somente sobre o real significado da atividade, mas também o entendimento do mercado por essa atividade frente à suas necessidades.

Resgatando nossas origens, defendo que somos um desmembramento e uma junção simultânea, tanto do teatro quanto da arquitetura. Na arquitetura pelas bases plásticas, funcionais, técnicas e de segurança, utilizando-se dos recursos sensoriais e tridimensionais, respeitando a linguagem do corpo humano na existência dos volumes destinados ao seu uso, evidenciando seus sentidos.

No teatro, pela inteligência de uma construção lúdica de um mundo real (às vezes nem tanto), rica em ornamentos, totalmente desprendida da autenticidade da matéria prima e mesmo que na mais pura forma, seja concebida para a contemplação, conduz a momentos memoráveis e experimentais.

Esse arranjo transportado aos eventos corporativos podem ter efeitos inimagináveis quando bem aplicados e dimensionados, pois tem como missão, transformar ambientes e apesar de ser efêmera, é dela grande parte da responsabilidade em gerar retenção, transformação e tornar o evento inesquecível na cabeça de quem a vivência.

E ainda que os eventos corporativos tenham sofrido como tantos outros mercados com o esmagamento de verbas, é inconcebível assistir a esta planificação da cenografia.

Essa vertente que tem utilizado de recursos totalmente bidimensionais, explorando composições apenas aos limites do olhar, abdicando dos outros sentidos do ser humano como as imagens digitalmente reproduzidas, seja por projeção ou impressão, apesar da beleza e funcionalidade não podem ser denominadas Cenografia.

O verdadeiro sentido da Cenografia é transportar, elevar ao grau máximo do deslumbramento, tirar do lugar comum, provocar vivências, propiciar experiências, surpreender, fazer chorar, fazer rir!

Isso sim é cenografia e faz todo sentido a quem a vivencia.

*Leila Malvezzi Bueno
Diretora Comercial da Bueno Cenografia
Presidente da ABRAFEC (Associação Brasileira de Fornecedores de Cenografia)