Vamos falar da relação emocional entre as marcas e seus clientes?

Guil Salles, CEO da Oito – The Brand Experience Agency, acaba de voltar do C2 Montreal e trouxe consigo as principais tendências e tecnologias para o mercado de eventos.





Comandada por Guil Salles, a Oito, agência de Brand Experience e Live Marketing, já coordenou eventos para grandes empresas, marcas e instituições como Fox Networks Group Brasil, Absolut, Chivas, Jameson, Ibéria, JW Marriot, Nike, Red Bull, Unilever, ABIT – Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção e MECAInhotim, entre outros.

Formado em comunicação social com habilitação em Relações Públicas, Guil Salles trabalha há 13 anos no mercado de comunicação e marketing. Ele acaba de trazer as principais tendências e tecnologias para o mercado de eventos C2 Montreal, encontro que reuniu os maiores players do live marketing.

Algumas das impressões sentidas por Guil Salles no evento canadense puderam ser conhecidas no diário de viagem que enviou à revista Meio & Mensagem. Abaixo, selecionamos quatro interessantes depoimentos:

“Na correria do nosso dia a dia, não paramos para pensar o quanto tudo que a gente faz e vive está cada vez mais complexo, rápido e etéreo. O que é hype agora, daqui a duas horas não será mais. A forma que a gente consome informação e como as transformamos em conhecimento e ações está cada vez mais incompreensível. E isso se expande até para o campo das ideias. Ter uma boa ideia hoje é muito mais difícil do que há anos, pois devemos pensar em todos os desdobramentos que ela poderá ter”.

“Vivemos na era da co-dependência, criamos sistemas complexos onde eu, você e ele(a) estamos interligados, criando ecossistemas. E para esses ecossistemas serem efetivos, os interesses das pessoas, das empresas e da comunidade devem estar alinhados”.

C2 Montreal

“Após três dias em uma experiência pra lá de imersiva no C2 Montreal eu mudei – e muito – a maneira como vejo as coisas. E acho que essa é a grande mensagem que tirei do evento deste ano. Precisamos mudar nossa perspectiva como seres humanos, empresas e nações. Esse insight eu peguei de vários talks, masterclasses e workshops dos quais participei”.

“No universo da comunicação, marketing e negócios, afinal foi para isso que cruzei o continente até o Canadá, posso dizer que o ponto alto é entendermos que as marcas precisam, cada vez mais, se humanizarem. Devem contar histórias ao invés de meramente passarem informação. É dessa forma que criamos uma relação emocional com o público. Assim as marcas começam a criar uma reputação cultural e, para criar essa reputação, é necessário tempo, criatividade e humanidade. Não é uma fórmula fácil, porém é o caminho mais assertivo para fazer sentido para aqueles que se relacionam com a marca. Lembre-se: assim como qualquer pessoa, sua marca tem que ter um ponto de vista, e não tem problema nenhum ele mudar ao longo da sua história. Na verdade, essa mudança é até indispensável, pois o mundo muda o tempo todo e está mudando exatamente agora”.

Guil Salles

ENTREVISTA EXCLUSIVA

Na entrevista exclusiva que concedeu à Revista Eventos e ao Portal Eventos, Guil fala sobre a relação emocional entre as marcas e seus consumidores/clientes; as tendências para o live marketing e eventos, sobre as tecnologias de conexão que estão chegando à área e sobre cases de sucesso que tiveram a sua participação.

Como a atuação da Oito se traduz em um diferencial competitivo?

Qualidade na entrega, usando a persistência criativa e o esforço inteligente para criarmos ideias inovadoras que sejam assertivas para nossos clientes.

Qual a importância dos eventos e do marketing promocional no market share do marketing das empresas?

Desde que comecei minha carreira, vi uma mudança significativa na maneira como o marketing das empresas vê o live marketing. Antes o foco era 90% em publicidade e os eventos eram vistos como um final, não como um meio (de comunicação). As marcas perceberam o quanto precisam se humanizar num mundo cada vez mais digital. Arrisco dizer que essa porcentagem está bem diferente, algo em torno de 30% para live marketing e 30% para publicidade (ATL) e 40% para o digital.

Percebe uma diferença no uso destas ferramentas nas pequenas, médias e grandes empresas?

Sim, assim como qualquer ferramenta de comunicação, as empresas de médio e grande porte usam os eventos para se consolidar no mercado, enquanto pequenas empresas os usam para brand awareness.

Quais as principais tendências e tecnologias você observou em sua visita à C2 Montreal?

Foram muitas, a começar pelo próprio evento, uma conferência de negócios, mas com uma veia de criatividade e inovação. Além disso, pontuaria a necessidade de as empresas criarem relações significativas e verdadeiras com seus consumidores, tendo um ponto de vista verdadeiro. E, também vi muitas evoluções tecnológicas, inclusive com Inteligência Artificial, muito impactantes.

Quais a perspectiva de sua repercussão e uso no Brasil?

Vejo que as marcas aqui também estão começando a adotar essa postura. Num mundo globalizado como o que vivemos, as informações correm bem mais rápido do que imaginamos.

Qual o propósito da atuação da Ray-Ban no Lollapalooza?

Tínhamos o propósito de mostrar Ray-Ban para o público do festival de forma autêntica e inclusiva. Trazendo protagonismo para o público. Para isso, criamos a Lip Sync Battle, uma batalha de dublagens onde o público interagiu com a marca durante os dois dias de Festival.

Red Bull Music Academy Festival São Paulo

Quais os maiores desafios na produção do Red Bull Music Academy Festival?

Acredito que esse tenha sido um dos projetos mais desafiadores que já fiz parte, com certeza o maior desafio foi conseguir trazer soluções efetivas para a curadoria e para academia, garantindo que estávamos materializando de forma correta a primeira edição do festival em São Paulo. As locações e cenografia são um bom exemplo disso, além, é claro, de garantir a qualidade perfeita dos serviços durante o evento (soundsystem da mesma qualidade dos outros RBMA`s do mundo, bar etc.)

MECAInhotim (ação da Ray-ban com customização de cordão de óculos e lounge)

Como se dá a conexão da Ray-Ban com os movimentos musicais e como essa atitude se conecta com o MECAInhotim?

Sou suspeito para falar, pois sempre fui fã da marca, mesmo antes de trabalhar com ela. Mas acredito que a forma genuína que Ray-Ban se conecta com os universos da marca, inclusive a música, é o que sempre fez a diferença frente a seus concorrentes. Acreditar em coisas verdadeiras e servir como voz para esses movimentos, isso é o que conecta muito!

Como a Oito está enfrentando o momento atual brasileiro?

Nascemos na era digital e sempre nos entendemos como uma startup, e acho que isso é o que nos mantém a frente. Estar sempre em versão beta, evoluindo e quebrando com paradigmas, tanto nos projetos que criamos, como na nossa maneira de administrar e gerenciar o business. Trabalhamos de forma pulmonar, onde montamos equipes multidisciplinares para projetos. Por isso, quando temos muitos projetos, temos um corpo grande de colaboradores, quando temos menos projetos, acabamos tendo menos colaboradores e consequentemente nosso custo fixo diminui. Tenho a percepção de que esse ano está muito mais difícil, se tratando especialmente dos nossos clientes de fora do Brasil. Com a Copa e Olimpíada no passado e a incerteza política e econômica brasileira, a grande maioria desses clientes “pisaram no freio”. Até entender para onde o Brasil está indo.