Brasil pode adotar reciprocidade com viajante britânico

Se a medida entrar em vigor, o país pode sofrer grandes retaliações no índice de visitantes internacionais britânicos

O Brasil deixou claro que adotará o princípio de reciprocidade se a Grã-Bretanha passar a exigir visto para os cidadãos brasileiros em visita ao país - os britânicos também precisarão de visto no passaporte no ingresso em terras brasileiras. A iniciativa da Inglaterra poria fim às negociações bilaterais travadas desde 2007 sobre uma fórmula de consenso para evitar essa medida, considerada nociva às relações bilaterais.

A corrida do Ministério das Relações Exteriores do Brasil para contornar essa questão com o governo do Reino Unido segue em paralelo ao esforço com o objetivo de apagar um incêndio maior - a tendência de a União Européia (UE) endurecer a política migratória em relação ao Brasil. Embora faça parte do bloco europeu, a Grã-Bretanha não aderiu ao Espaço Schengen, uma espécie de sub-bloco que trata da livre circulação de cidadãos dos 15 membros da UE e que concede, aos brasileiros, a isenção do visto para o ingresso no território.

O governo alertou que os brasileiros poderão voltar a precisar de visto de entrada. Segundo a edição desta quinta-feira (03) do jornal Financial Times (FT), o governo inglês exigiu de 11 países que deixem de "abusar" do privilégio de não precisar de vistos para entrar no país. A lista conta com Brasil, Bolívia, Malásia, África do Sul, Botsuana, Namíbia, Venezuela, Trinidad e Tobago, Lesoto, Suazilândia e Ilhas Maurício.

As estimativas apontam que cerca de 150 mil brasileiros estariam vivendo na região de Londres. Dentro do próprio governo britânico, já há quem alerte que a medida pode ter repercussões negativas aos interesses comerciais da Inglaterra no Brasil. Londres está dando seis meses para que os países cheguem a um acordo para acabar com os abusos na imigração.

Segundo Pedro Fortes, uma das principais lideranças do governo carioca, caso a relação entre Ingraterra e Brasil endureça, quem perde somos nós. "O Brasil já não tem os turistas de lazer americanos, japoneses, canadenses, australianos, neozelandeses e mexicanos. Agora, com  a política de retaliação do Itamaraty (que só o Brasil adota), tentando igualar desiguais, iremos perder tambem os ingleses, e em seguida o restante dos europeus, tão arduamente conquistados ao longo de anos  de trabalho duro do Ministério do Turismo e da Embratur", lamenta. (VB)