Empresa de organização de eventos se transforma durante a quarentena

Proprietária afirma que cancelamentos de eventos prejudicaram o negócio; agora, em vez de produzir estandes, ela dá início à confecção de móveis para crianças.

Com uma experiência de 20 anos no mercado de feiras e eventos de agronegócio, a empresária Nelise Cerântola é responsável pela organização de eventos voltados ao setor. “Construímos estandes, organizamos a recepção e o buffet e administramos o evento como um todo”, explica.

A empresa trabalha para grandes eventos do setor do agronegócio, como a Agrishow, e chega a faturar, por ano, cerca de R$ 1.000.000 na organização de palestras técnicas e R$ 1.500.000 só na produção de estandes. Contudo, nas últimas semanas, com a pandemia do novo coronavírus, Nelise viu seu negócio em um cenário de prejuízo sem precedentes.

Só no início do mês de março, a empresa teve mais de 10 contratos cancelados com o adiamento e cancelamento de diversos eventos no país. “Nunca vivenciamos nada semelhante. Acredito que o empresário brasileiro tenha a flexibilidade e resiliência para crises econômicas, no entanto, a situação atual é bem pior e nunca vimos nada parecido”, destaca.

Nesse cenário de crise, além de ver o prejuízo financeiro da empresa, Nelise se deparou com todos os seus funcionários incertos sobre o futuro e dependendo do trabalho para sustentarem as famílias. “Nós temos um compromisso com nossos colaboradores. Não podemos simplesmente fechar as portas e demiti-los. Sei da minha responsabilidade e temos de ser verdadeiramente altruístas e tomarmos ações que se estendem verdadeiramente ao próximo”, afirma.

Com esse pensamento, a proprietária decidiu dar novo rumo aos negócios, como forma de não prejudicar os funcionários e impedir a falência da empresa. “Em conjunto com meus prestadores, decidimos mudar nosso público. Usaremos toda nossa experiência com produção de estandes para fabricar e vender móveis para crianças. Trabalharemos a pronta-entrega, por meio da internet. Dessa forma, pretendemos superar a crise e continuar produzindo”, ressalta.

Responsabilidade social

Nelise afirma que a inovação do negócio não se deu somente pela necessidade econômica, mas, principalmente, pela solidariedade com os demais profissionais. “O momento é de olhar a necessidade do próximo mais do que a conta bancária. É mais coração e fé do que razão e força”, destaca a empresária, que assumiu os riscos da reinvenção como forma de manter a responsabilidade social com cada um de seus funcionários.

Ela reforça, ainda, que a paixão pelo agronegócio continua. “Não deixaremos nosso negócio primordial. Continuamos à disposição do mercado do agronegócio. No momento, só estamos ampliando nossa atuação, para gerar renda”, afirma. Para o futuro, ela espera superar a crise, por meio da empatia e do amor ao próximo. “O movimento, agora, é em direção ao próximo. Estender as mãos sem se tocar. Esse é o percurso”, conclui.


Fonte: assessoria