Sueli Brusco embaixadora do Outubro Rosa para o Portal Eventos

"Nunca imaginei que faria parte das estatísticas do câncer de mama, que aconteceu para mim em 2013"

Além do medo do retorno do câncer, mulheres enfrentam o abandono e o desemprego, por Sueli Brusco

O câncer na mulher muda a vida por completo, desde o diagnóstico até o término do tratamento. Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), teremos mais de 57 mil novos casos até o final desse ano, mas a reflexão aqui é sobre uma estimativa que o câncer de mama, por exemplo, já atinge 156 mulheres por dia e a realidade social que elas enfrentam que é tão velada. A situação de um pós câncer hoje é uma questão sócio cultural e esse cenário não é mostrado nas telinhas, nos jornais. Se os dados sobre a incidência do câncer são assustadores, tenha certeza que os dados sobre o que elas enfrentam após o tratamento são piores.

Nunca imaginei que faria parte das estatísticas do câncer de mama, que aconteceu para mim em 2013. Tinha uma carreira consolidada como executiva e empresária, uma posição social que me garantiria o melhor tratamento, uma estrutura familiar sólida e foi com esse cenário que iniciei a quimioterapia. Também não imaginava, na época, que estava prestes a vivenciar uma realidade desconhecida por mim e entraria para uma outra estatística que não vem à tona na imprensa: aquela que aponta o desemprego da mulher, o abandono dos amigos, o fim do casamento e o medo da reincidência da doença.

O tratamento do câncer é o mesmo para todas as rendas, o que muda é o acesso a ele, a qualidade do atendimento. Com dinheiro ou emprego sólido você corre sim o risco de perder tudo. Estudos apontam que a maioria das mulheres que superam o tratamento é demitida ou deixa o trabalho por um bom período, reflexo do custo ou dos efeitos colaterais do tratamento. Se você tem um companheiro que a motiva e está ao seu lado durante o tratamento, saiba que a maioria das separações ocorrem neste período, pelo despreparo masculino e pela falta de entendimento da situação frágil que nos deparamos. Se você é chefe de família e sua família depende inteiramente da sua renda, esteja preparada para enfrentar todas as adversidades e dificuldades.

Segundo uma pesquisa divulgada em simpósio de câncer, nos EUA, no final do ano passado, o peso financeiro que uma mulher sofre durante e após o tratamento de câncer assustador. Os dados revelam que 92% das 1.273 mulheres entrevistadas, de 12 países, tiveram que adaptar seus gastos por causa da doença, 61% afirmam que a doença teve impacto no trabalho a ponto de reduzir a renda, 57% dizem que a renda caiu, 66% precisaram parar de trabalhar por um período e 55% cortaram gastos com itens não essenciais, como lazer. Uma realidade que se torna ainda mais cruel com mulheres de baixa renda ou que moram em locais que não oferecem a prevenção do câncer ou qualquer tratamento.

Motivação interna, força para superar e continuar forte são as palavras que definem qualquer sorriso e alívio após o câncer. E em relação ao peso sentimental que essa doença traz, temos uma pesquisa realizada em 2012 pelo Instituto Avon e Data Popular. Cerca de 1,7 mil pessoas foram ouvidas em todo o Brasil e essa pesquisa revelou que 38% dos homens entrevistados acreditam que o diagnóstico pode terminar com um relacionamento. A pesquisa também apontou que 75% deles acreditam que a doença destrói com a vaidade de qualquer mulher.

Perdi a saúde, os cabelos, o marido, a empresa, uma vida estável. Precisei mudar algumas coisas, reagir, inovar. Foi preciso compreender o que estava por trás das minhas motivações, buscando honestamente a verdade e o auto conhecimento. Creio que adotar um estilo de vida baseado na leveza e flexibilidade é muito importante diante de situações extremamente difíceis.

Nāo há como ensinar a sobreviver, mas é possível estimular a semeadura de recursos para a superaçāo de muitos problemas e para o desenvolvimento da resiliência. É importante lembrar que ser resiliente também é útil para se ter uma experiência de vida mais completa. Você pode imaginar o sabor e o poder de experimentar uma esperança novinha todas as manhas?

E como dar a volta por cima em um cenário tāo desafiador? Acredito que todos nós temos recursos internos para superar grandes desafios, apenas nāo somos treinados para isso. Para ser um sobrevivente é necessário despertarmos a resiliência para sermos conduzidos a uma superação sustentada, a sobreviver a partir de um lugar desordenado e instável e, então, enfrentar a crise a ponto de restaurar-se completamente. Espero que muitas empresas possam se unir àquelas que já apoiam nossas mulheres, pois essas estão um passo à frente da evolução sócio cultural.

Sueli Brusco – é especialista em marketing de incentivo e comportamento humano, e após receber diagnóstico de câncer de mama, em 2013, afastou-se da carreira de executiva para compreender a doença e a cura. Após um extensivo estudo sobre fatores que poderiam motivar a sua recuperação e desafios que tantas mulheres enfrentam ao serem diagnosticadas pela doença, decidiu encerrar sua vida executiva e passou a dedicar-se como palestrante. Antenada em tudo o que move profissionais a superarem desafios, Sueli Brusco treina e orienta profissionais sobre como despertar recursos internos para a superaçāo de obstáculos, automotivaçāo, determinaçāo e o encontro da plenitude após grandes dificuldades, como nas situações de doenças. Você pode encontrá-la online no linkedin/SueliBrusco.

Pelo 3º ano consecutivo, o Portal Eventos aderiu à campanha Outubro Rosa, contribuindo para a conscientização do diagnóstico precoce do câncer de mama e nomeou Sueli Brusco como a embaixadora de sua campanha.

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