Turismo de Foz do Iguaçu à beira do colapso

Por Neuso Rafagnin*
Neuso Rafagnin

É um desafio arriscado avaliar em tempo real os reflexos do novo coronavírus na economia em Foz do Iguaçu. De concreto, sabemos que o turismo foi um dos primeiros setores atingidos pelas restrições impostas pelos governos municipal, estadual e federal no enfrentamento da pandemia. E será, com certeza, o último a retornar ao “novo normal”.

A realidade caótica do setor tem os meios de hospedagem e de gastronomia como maiores prejudicados pelo movimento zero de turistas no Destino Iguaçu – ao lado dos atrativos turísticos, guias, agências e operadores de viagens (emissivo e receptivo), transportadores, eventos, enfim, toda rede de atividades ligadas à nossa principal indústria: o turismo.

Ciente das dificuldades enfrentadas em médio e longo prazo, o Sindhotéis (Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Foz do Iguaçu e Região) tomou uma medida de vanguarda no Brasil com o objetivo de manter empregos no setor. A entidade foi uma das primeiras no país a fechar, em 20 de março, um acordo com o sindicato laboral para evitar demissões em massa.

Passado o primeiro mês do “fechamento geral” (com exceção dos serviços essenciais), o município permitiu a reabertura gradual e segura de alguns estabelecimentos comerciais. A finalidade da prefeitura é evitar a quebradeira empresarial na cidade, com falências e demissões em larga escala. Mas quais são as perspectivas para o turismo?

De imediato, temos pela frente neste fim de mês o retorno de milhares de trabalhadores que cumpriram férias vencidas ou mesmo tiveram as férias antecipadas. É uma massa de colaboradores que se somarão à gama enorme de funcionários que tiveram contratos suspensos e redução de jornada e salário.

As ações paliativas dos governos são insuficientes para conter a crise. Logo, não existirão mais mecanismos para proteger os empregos, afinal quem aguenta manter seus compromissos ficando com as portas fechadas por meses e vendo o faturamento reduzido a zero? Sem receber um hóspede ao longo dos meses, como garantir receita mínima para ao menos custear a folha de pagamento? Não há gordura financeira que aguente.

O setor reivindica medidas concretas para minimizar os prejuízos financeiros muito além da simples prorrogação do vencimento de impostos. Só para termos uma ideia do problema enfrentado pelo setor, a Copel e a Sanepar estão cobrando das empresas pela média de consumo e se recusam a rever os contratos na forma de valor fixo. Sem movimento nos hotéis, estamos pagando por luz e água que sequer utilizamos.

Logo, é urgente a sociedade, sobretudo as entidades ligadas à Gestão Integrada, intensificarem o debate e a construção de um plano de retomada do turismo, com atenção mais do que especial à promoção e à divulgação do Destino Iguaçu. Esse trabalho é paralelo ao planejamento de reabertura dos meios de hospedagem e atrativos.

O Sindhotéis tem, por meio da sua diretoria e corpo técnico, participado de fóruns de discussão local, estadual e nacional. Contudo conclama todos a intensificar os esforços nesse sentido. O turismo reivindica soluções para hoje a fim de evitar o caos logo ali adiante. Do contrário, levaremos ainda mais tempo para sairmos dessa crise sem precedentes na Terra das Cataratas.

* Neuso Rafagnin é presidente do Sindhotéis (Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Foz do Iguaçu e Região)

Fonte: assessoria