Turismo no Brasil: prioridade zero?

Vejo com tristeza e desesperança a “acomodação” de mais um Ministro de Turismo no Brasil.
Alexis Thuller Pagliarini, diretor superintendente da Fenapro

Não conheço o Sr. Marx Beltrão, o escolhido da vez, mas suas credenciais são preocupantes. É réu no STF e aliado de Renan Calheiros. Não sei da sua experiência em turismo, mas está muito claro que foi um atendimento político do presidente ao PMDB. Na verdade, desde o governo Dilma, o turismo tem sido relegado a um segundo plano e servido simplesmente para contrapartidas políticas. 

É lamentável ver o turismo ser encarado com esse desdém. Tempos atrás, assisti a uma apresentação de um desses ministros efêmeros com uma abordagem animadora. Ele fez um paralelo do turismo com a agricultura brasileira. O Brasil tinha um grande potencial para se tornar um dos maiores players do agribusiness: terra boa e farta e bom clima. Com uma política governamental adequada, em poucas décadas o Brasil se tornou um dos maiores produtores de produtos agrícolas. Foi só dar boas condições à iniciativa privada e a coisa aconteceu. 

Com o turismo acontece o mesmo: o potencial é enorme e ainda subexplorado. Temos quase 7.500 km de litoral, com praias belíssimas; um clima agradável e convidativo; um povo alegre e hospitaleiro; florestas; pantanais; serras; gastronomia rica e variada... Bastaria portanto priorizar uma política adequada, estabelecer um planejamento competente, garantir recursos e deixar a iniciativa privada trabalhar. O resultado viria. 

O tal ministro durou poucos meses na cadeira e levou junto seu discurso sem consistência. Sabemos que há muito por fazer pelo nosso vilipendiado Brasil. Alguns dirão: você está preocupado com o turismo e o Brasil já superou a marca de 12 milhões de desempregados. Sim, mas quero lembrar que a melhor política de emprego é a de fortalecimento de setores da economia. E o turismo, sabidamente, é altamente empregador, com potencial para gerar 8 milhões de empregos. Diversos países deram prioridade ao turismo e viram o setor crescer em importância no seu PIB. 

A título de comparação, a participação do turismo no PIB da Espanha beira 15%, a média mundial é próxima de 10% e no nosso Brasil não chega a 4,5%. Depois de mostrar ao mundo nossa beleza e alegria – e por que não dizer, competência – organizando as Olimpíadas, o Brasil se encolhe e não potencializa o momento para dinamizar seu turismo. Como ex-militante nesse setor, só me resta lamentar esse descaso e torcer para que dirigentes governamentais acordem e deem a devida importância a um setor estratégico para o crescimento do nosso país.

Alexis Thuller Pagliarini
Diretor Superintendente da Fenapro
Ex-presidente da MPI Brazil
Colunista do PROPMARK