Hotelaria gaúcha prevê baixa ocupação na Copa de 2014

A 5ª Edição do “Placar da Hotelaria”, publicado pelo Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil no ano passado, projetou uma taxa média de ocupação baixa na rede de hotéis em Porto Alegre no período da Copa.

O cálculo foi feito a partir da oferta prevista das unidades habitacionais (hotéis em construção) e a estimativa da demanda no período. Segundo o indicador, o percentual ficaria em torno de 53% para Porto Alegre no período, enquanto capitais como São Paulo (81%), Rio de Janeiro (88%) e Curitiba (73%) estão em posições confortáveis.

Outros dados da publicação que ajudaram ainda mais a inquietar o setor são as informações sobre o desempenho dos hotéis nas Copas da Alemanha e África do Sul. A análise mostra que os hóspedes regulares tendem a evitar as cidades-sede no período dos jogos. É o caso de Porto Alegre, tipicamente voltado para o turismo de negócios e eventos. As previsões iniciais, na opinião do mercado, estão se confirmando. Os hotéis gaúchos, até o momento, apontam uma baixa procura para o Mundial, sendo que a média de reservas feitas é de apenas dois dias durante os jogos do torneio.

Faltam apenas cinco meses para o maior torneio de futebol do mundo, e a expectativa de que a procura de turistas aumentasse após o sorteio dos jogos para a Copa, em dezembro, não se confirmou. A redução na quantidade de visitantes prevista foi reforçada pela Fifa, que diminuiu em 70% o número de reservas na cidade, os chamados inventários. Cinco anos atrás, a entidade solicitou exclusividade de 3 mil apartamentos para o Mundial. Um dos principais motivos para a baixa demanda, apontam os hoteleiros, é a distância da Capital de outras cidades-sede.

Segundo o gerente comercial do Hotel Deville de Porto Alegre, Carlos Sanches a capital gaúcha leva desvantagens geográficas e climáticas: está afastada dos grandes centros, sem falar nas baixas temperaturas durante o mês de realização dos jogos. “Os europeus não vão querer passar frio”, diz ele. O executivo reforçou ainda que os times de alta performance, assim como os turistas, vão evitar o desgaste dos deslocamentos de avião, ainda mais em aeroportos lotados, com tarifas altas e deficiente em termos de infraestrutura.

Os hoteleiros gaúchos acreditam que os vizinhos argentinos vão vir para o estado de ônibus e voltar no mesmo dia. Outra constatação feita pelo gerente do Mercure Porto Alegre Manhattan Hotel, Fernando Kanbara, baseada na experiência da rede em Copas realizadas em outros países, é a retenção dos turistas na cidade. “Nas reuniões realizadas recentemente chegamos a conclusão de que o grande desafio para o setor, especialmente em Porto Alegre, será o de manter a ocupação hoteleira nos intervalos entre os jogos, ou seja, o antes e o depois”, diz ele.

O presidente do Sindihotel, Manuel Suárez, reforça ainda que as seleções são itinerantes e farão apenas um jogo na mesma cidade. “Os torcedores vão embora junto com o seu time”, adianta. Segundo ele, a Fifa já tinha alertado a necessidade de oito sedes para a realização da Copa no Brasil e não 12, definidas pelo governo. “A Federação identificou pouca procura por hospedagens nas cidades de Porto Alegre, Manaus, Cuiabá e Curitiba. E a reserva só é confirmada com o pagamento. Ninguém vai comprar diárias com cinco meses de antecedência”, ressalta.

Construções

A expectativa para a Copa causou uma grande concentração de projetos de novos hotéis em Porto Alegre, tanto de empresários locais quanto de grupos internacionais. No início do ano passado, a projeção era de que o número de leitos na Capital seria ampliado em ao menos 30%, de 16 mil para 21 mil. Até junho, mais três hotéis deverão ficar prontos em Porto Alegre, elevando o número de leitos em 1,2 mil.

Fonte: Assessoria