Para diretor do Salão do Automóvel, fracasso da edição 2020 é culpa de agências e montadoras

Para Leandro Lara, diretor do portfólio de mobilidade da Reed, se o problema são os gastos elevados, uma possível solução seria adotar estruturas mais simples.

Com 14 marcas de fora e 12 indecisas, Salão do AUtomóvel 2020 corre o risco de não ocorrer
Desde seu lançamento, a mais de 60 anos, o Salão do Automóvel de São Paulo não enfrenta tantas dificuldades como na edição de 2020.

Até o momento, 15 marcas já anunciaram que não vão participar do evento, entre elas a líder do mercado brasileiro, Chevrolet, a líder entre as marcas de luxo, BMW, e a sexta maior fabricante do país, Toyota.

E a dez meses da feira, 11 marcas ainda não decidiram se participarão.

Para as montadoras, a realocação de recursos é a principal razão para as marcas começarem a desistir dos salões. Em quase todos os casos, as justificativas são de que eles custam demais pelo retorno financeiro que oferecem.

De acordo com matéria publicada pelo site G1 e pela revista Auto Esporte, a reportagem apurou que os custos para o evento paulistano variam de cerca de R$ 4 milhões, para as fabricantes menores, até mais de R$ 20 milhões, no caso das líderes de mercado.

Leandro Lara, diretor de do portfólio de mobilidade da Reed Exhibitions

De acordo com a reportagem, a Reed Exhibitions, realizadora do Salão do Automóvel 2020, afirma que cerca de 15% do que é gasto por uma fabricante no salão vão para a organizadora, que é responsável por locar os espaços no pavilhão e fornecer infraestrutura, como energia elétrica.

Isto é, a Reed ficaria “apenas” com algo entre R$ 600 mil e R$ 3 milhões do custo de participação de uma montadora no Salão do Automóvel.

Do restante, cerca de 45% iriam para a montagem do estande, e isso inclui não apenas pisos elevados, grandes painéis de LED, mas também estruturas que o público não costuma ver, como áreas VIP e salas de reunião.

Por fim, os 40% finais ficam com custos de logística, como transporte dos carros, gastos com bufê e funcionários (recepcionistas e modelos).

Para Leandro Lara, diretor do portfólio de mobilidade da Reed, se o problema são os gastos elevados, uma possível solução seria adotar estruturas mais simples:

O investimento na montagem do estande é muito maior do que o preço do espaço. Pode haver opções com estrutura mais enxuta”.

Isto é, para o diretor da Reed, a resposta para os problemas de comercialização do Salão do Automóvel 2020 é reduzir aquilo que, depois dos carros, sempre foi um dos grandes atrativos do evento: o brilho dos espaços, com estandes atrativos, modelos estonteantes e ações para atrair a atenção do público. O show das marcas. Encantamento, que pode gerar fidelidade à marca.

Além dos prejuízos que a decisão pode causar às marcas, cabe questionar: quais os impactos desta solução para a cadeia produtiva de eventos? Para as agências responsáveis pela ativação dos estandes, montadoras, empresas de apoio e logística?

A sugestão proposta pelo diretor comercial da Reed Exhibitions, Leandro Lara, certamente levará o Salão do Automóvel à morte, causando muitos milhões de prejuízo a toda a cadeia produtiva de eventos brasileira. Não é uma solução, é um paliativo que procura encobrir os verdadeiros problemas atravessados pela Reed no Brasil.

Veja abaixo a relação de montadoras que já decidiram não participar do Salão do Automóvel de 2020, as que ainda não decidiram e as que já confirmaram participação no evento.

Não estarão

Ainda não decidiram

Confirmadas

  1. Chevrolet

  2. Toyota

  3. Peugeot

  4. Citroën

  5. BMW

  6. Volvo

  7. Jaguar

  8. Land Rover

  9. Mini

  10. Lexus

  11. Jac Motors

  12. Hyundai

  13. Mitsubishi

  14. Suzuki

  15. Kia

  1. Honda

  2. Mercedes-Benz

  3. Porsche

  4. Audi

  5. Ferrari

  6. Lamborghini

  7. Maserati

  8. Rolls-Royce

  9. Caoa Hyundai

  10. Caoa Chery

  11. Subaru

  1. Volkswagen

  2. Fiat

  3. Ford

  4. Renault

  5. Nissan

  6. Jeep

  7. Ram

  8. Dodge

  9. Troller


Fonte:
https://g1.globo.com/carros/noticia/2020/02/02/salao-do-automovel-busca-solucoes-para-sobreviver-apos-11-desistencias-e-com-custos-de-ate-r-20-milhoes-por-marca.ghtml