Senhor Presidente, quer perder mais um milhão de empregos? Apenas continue falando...

Editorial publicado na newsletter EVENTOS News 130

O turismo norte americano foi o mais afetado pela crise financeira que assolou o mundo no final do ano passado. Em situação pior, somente o México que além dos problemas decorrentes de sua dependência do turismo americano, foi vitimado pela Gripe Suína.

Sendo o turismo de negócios o mais significativo, porque o mercado norte americano foi tão afetado? Porque a administração Obama preocupada com eventual mau uso do dinheiro do TARP¹ fez declarações assaz infelizes abominando a realização de eventos em Las Vegas ou viagens de incentivo em hotéis luxuosos.

Mas, as lideranças dos mercados de turismo, eventos, incentivo, congressos e feiras norte americanos demonstraram uma grande capacidade de responder à altura do desafio. “Nós entendemos que as empresas que tenham recebido dinheiro através do TARP têm de ser responsáveis ao planejarem seus eventos”, afirmou Jonathan Tisch, presidente emérito da E.U.Travel Association, um dos líderes do movimento de repúdio à atuação do governo Obana.

O movimento reuniu toda indústria e sua determinação pode ser avaliada pelas declarações de Geoff Freeman, Sênior Vice President, “nós gastaremos o que for preciso para reverter a legislação e convencer a administração Obama” do absurdo das manifestações governamentais.

E gastaram. Publicaram anúncios de página inteira nos principais jornais do país lembrando a importância dos eventos e das viagens de incentivo, a vitalidade da indústria que gera mais de US$100 bilhões anuais, mais de um milhão de postos de trabalho e que devido as desastradas ações governamentais, mesmo empresas que não tinham recebido ajuda do governo estavam cancelando eventos e encontros, temendo críticas públicas. A ‘manchete’ dos anúncios: Senhor Presidente, quer perder mais um milhão de empregos? Apenas continue falando.

A campanha deu certo. As principais lideranças da indústria foram recebidos na Casa Branca pelo presidente Barack Obama, que teve a oportunidade de “expressar seu total apoio a uma industria de viagens e eventos forte”. Mais ainda, o presidente afirmou “compreender que a indústria de viagens e eventos significa emprego, que 17 milhões de pessoas nos Estados Unidos trabalham de uma forma ou outra nesta indústria”, e finalizando disse “compreender profundamente os benefícios das viagens e dos eventos para os Estados Unidos da América”.

A campanha governamental contra as viagens cessou. E mais importante: fruto da consciência da importância sócio econômica do setor.

Mas as lideranças do mercado nos EUA não interromperam seu trabalho. Cientes da importância de uma normatização das viagens de incentivo e dos eventos (a exemplo do que os publicitários brasileiros fizeram na década de 70 quando criaram o CONAR, antecipando-se e tornando desnecessária qualquer normatização governamental sobre o setor) criaram um manual com políticas referentes ao luxo e aos gastos excessivos em eventos (leia aqui).

Que a coragem de enfrentar o governo quando necessário, a capacidade de união para enfrentar desafios e, principalmente, capacidade de tornar suas ações em atos concretos, seja arcando com os custos financeiros que se fizerem necessários, seja estabelecendo normativas que tornem mais adequadas as práticas do mercado, sirvam de exemplo para a indústria de turismo e eventos brasileira.

Sergio Junqueira Arantes

Sergio@ExpoEditora.com.br

Diretor da Eventos News, do Portal Eventos, da Revista Eventos e da Making Of

Titular da Cadeira 1, da Academia Brasileira de Eventos

Vice-presidente da ANETUR - Associação Nacional dos Editores de Turismo

Member MPI Brazil Chapter - Meetings Professionals International

Membro do IBEV Instituto Brasileiro de Eventos

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