Abrace alerta para aumento de preços nos insumos para montagens de estandes e cenografia

Em Comunicado, a associação das empresas responsáveis pela montagem de estandes e cenografia, detalhou percentuais de aumento dos principais insumos utilizados pelo setor, e destacou impactos sobre o valor final dos projetos para cliente final.

Após quase dois anos de paralisação total, vencidos os obstáculos para que o mercado de Feiras Comerciais, Congressos, Convenções e Eventos Corporativos volte a ter autorização legal dos Poderes Estaduais e Municipais para voltar a operar, o setor começa a vislumbrar os impactos que estes 17 meses de paralisação trarão para retomada dos eventos.

Fornecedores que fecharam as portas. Empresas que sobreviveram com força de trabalho reduzida, sem condições de pegar múltiplos projetos simultaneamente. Profissionais especializados que mudaram de profissão. Dificuldades na importação de insumos e equipamentos. Estas são algumas das dificuldades que promotores de eventos e clientes finais estão encontrando ao procurar seus parceiros habituais no período pré-pandemia para execução de projetos no curto prazo.

Esta semana a Abrace - Associação Brasileira de Cenografia e Estandes, entidade que reúne as principais empresas do segmento, divulgou um COMUNICADO DO SETOR DE CENOGRAFIA E ESTANDES PARA UMA RETOMADA MAIS JUSTA, em que detalha mais uma dificuldade: a hiperinflação no custo dos insumos necessários para construção e montagem de estandes e para execução de projetos cenográficos para feiras e eventos comerciais em geral.

Alta do dólar. Redução das importações. Corte na produção em função da falta de demanda no último ano e meio. Estes são alguns dos ingredientes que estão contribuindo para o "acidente perfeito" da hiperinflação dos preços dos insumos e equipamentos, e que vem impactando diretamente a setor, e colocando em xeque o esforço para retomar ainda neste segundo semestre de 2021.

A Abrace listou 22 dos principais insumos utilizados na produção de estandes e estruturas cenográficas, e apurou um aumento médio de 120% nos preços. Em alguns produtos, como a chapa de compensado, usado em grande quantidade para a montagem de estandes, o aumento chegou a 300%. Confira a tabela abaixo.

Somente na primeira coluna, em que estão listados os 11 produtos com maior alta, o aumento médio ficou em 175%.

Situação como estas vêm impactando o setor. Na euforia do anúncio em julho da liberação para realização de eventos comerciais a partir do dia 17 de agosto por parte do Governo de São Paulo, vários promotores confirmaram a realização de seus eventos para o segundo semestre. Mas passada o entusiasmo inicial, vários se depararam com a dura realidade enfrentada pelos fornecedores para eventos durante a pandemia e seus efeitos nesta retomada. Foi o caso de feiras como a APAS Show e a Eletrolar, anunciadas no final de julho para serem realizadas em outubro, e na semana passada comunicaram o cancelamento definitivo de suas edições em 2021.

O setor de montagem de estandes e de cenografia é que mais trabalhou pela retomada. Afinal, com a proibição da realização de Feiras, Congressos e afins por um ano e meio, estas empresas ficaram 17 meses com praticamente zero demanda. "Como proceder quando enfrentamos, escassez de mão de obra especializada e de insumos e, ainda, reajustes de dois e até três dígitos em materiais essenciais à produção?". A pergunta abre o comunicado da Abrace.

Outra situação enfrentada pelo setor é a execução de projetos contratados pré-pandemia, mas não executados em função da proibição para realização das feiras e eventos durante a fase mais aguda da pandemia. Este contratos foram fechados tendo por base o valor dos insumos necessários para execução dos projetos à época da assinatura dos mesmos. Agora, com a retomada destes eventos, os clientes vêm procurando seus fornecedores para execução dos projetos contratados, e em alguns casos já pagos. E os fornecedores estão se vendo em meio a "tempestade perfeita", espremidos entre um contrato assinado, descapitalização após um ano e meio de custos para sobreviverem e a alta no valor dos insumos para a execução dos projetos.

"É preciso o restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro [dos contratos]", reivindica a Abrace em seu comunicado.

O certo é que o mercado ainda tem uma série de desafios a serem enfrentados antes de voltarmos aos patamares pré-pandemia.

Confira abaixo a íntegra do Comunica da Abrace aos seus associados e ao mercado.

COMUNICADO DO SETOR DE CENOGRAFIA E ESTANDES PARA UMA RETOMADA MAIS JUSTA

A expectativa do setor de Cenografia e Estandes é de, no mínimo, retomar os patamares de 2019. Certamente esse é o desejo de todos os segmentos econômicos, mas como proceder quando enfrentamos, escassez de mão de obra especializada e de insumos e, ainda, reajustes de dois e até três dígitos em materiais essenciais à produção?

O certo e irremediável é que, com a paulatina retomada dos eventos Brasil afora, as empresas de cenografia e estandes não têm como abarcar esses reajustes em prol da manutenção de orçamentos pré-pandemia. Para comprovar a gravidade do problema, a ABRACE listou alguns dos principais insumos e seus respectivos reajustes, que definem hoje os custos gerais de produção.

Tornar compatíveis essa expectativa e a realidade, com a transparência necessária para a continuidade dos negócios é o grande desafio da ABRACE – Associação Brasileira de Cenografia e Estantes – e de seus associados. Mesmo parados desde março de 2020, acompanhamos estarrecidos e preocupados a escalada dos preços dos insumos necessários ao dia a dia da prestação de serviços das empresas e profissionais que integram o setor, em geral, resultado do desabastecimento de matérias-primas e aumento do dólar.

Estes índices variam de acordo com modelos, custos de fretes, materiais importados x nacionais, bem como utilização de materiais alternativos ou de revenda para cobrir demanda. Abaixo estão alguns dos maiores índices apurados.

É preciso o restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro (ou equação econômico-financeira) que é a relação de igualdade entre a prestação do serviço (encargos) da parte contratada e a contraprestação monetária (remuneração) paga pelo contratante. A própria Constituição Federal, no artigo 37, prevê que devem ser mantidas as condições efetivas da proposta, e havendo variação externa que influencie diretamente nos encargos assumidos, gerando o desequilíbrio nesta balança, o contratado pode pleitear a recomposição contratual mediante a comprovação desses motivos. Isso inclui elevação de preços.

Ter consciência desses reajustes e tê-los discriminados é essencial para as futuras negociações. Apresentarmos orçamentos condizentes com a realidade é crucial para sua empresa e para uma concorrência sadia, com reflexos positivos para todo o setor.