Otimismo cauteloso se mantém em 2019

Companhias aéreas estão próximas de completar uma década longe do vermelho.

A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA - International Air Transport Association) prevê lucro líquido de US$ 35,5 bilhões em 2019 para o setor global de companhias aéreas, um pouco acima da previsão de US$ 32,3 bilhões para 2018 (a quantia inicial era US$ 33,8 bilhões, mas foi alterada na previsão de junho). Os destaques do desempenho esperado para 2019 incluem:

  • O retorno sobre o capital investido deve ser de 8,6% (sem mudança em relação a 2018).
  • A margem sobre o lucro líquido após impostos deve ser de 4,0% (basicamente a mesma de 2018, de 3,9%).
  • As receitas totais do setor devem atingir US$ 885 bilhões (7,7% de aumento em relação a US$ 821 bilhões de 2018).
  • O número de passageiros deve chegar a 4,59 bilhões (maior que os 4,34 bilhões previstos para 2018).
  • A carga transportada deve atingir 65,9 milhões de toneladas (maior que as 63,7 milhões de toneladas previstas para 2018).
  • Crescimento menor da demanda de tráfego de passageiros (aumento esperado de 6,0% em 2019 versus 6,5% previsto para 2018) e na demanda de transporte de carga (aumento esperado de 3,7% em 2019 versus 4,1% previsto para 2018).
  • Lucro líquido médio por passageiro embarcado de US$ 7,75 (US$ 7,45 em 2018).

A queda nos preços do petróleo e o sólido crescimento econômico, embora menor (de 3,1%), são os fatores que garantiram o lucro do setor global de companhias aéreas, depois que a rentabilidade caiu devido ao aumento de custos em 2018. O setor espera que 2019 seja o décimo ano de lucro e o quinto ano consecutivo em que as companhias aéreas apresentam retorno sobre o capital acima do custo de capital do setor, criando valor para seus os investidores.

"Achávamos que o custo em alta afetaria a rentabilidade em 2019. Mas a queda acentuada dos preços do petróleo e as projeções de crescimento sólido do PIB diminuíram esse impacto. Sendo assim, estamos otimistas, mas com cautela, de que a sólida geração de valor para os investidores continuará pelo menos por mais um ano. Mas existem riscos, pois os ambientes econômicos e políticos permanecem voláteis", disse Alexandre de Juniac, diretor geral e CEO da IATA.

Impulsionadores do desempenho em 2019

Crescimento econômico: O PIB deve crescer 3,1% em 2019 (abaixo do índice de 3,2% previsto para 2018). Esse crescimento mais lento, mas ainda robusto, é um dos principais fatores de aumento da lucratividade sólida e contínua. Existem riscos significativos para o crescimento resultantes das guerras comerciais e incertezas políticas, como aqueles envolvendo o BREXIT, mas a opinião geral indica que esses fatores não afetarão o momento positivo da política fiscal expansionista e o crescente investimento nos negócios observado nas principais economias.

Preço do combustível: A previsão para 2019 indica preço do petróleo em média de US$ 65/barril (Brent), que é menor do que o preço de US$ 73/barril (Brent) em 2018, após o aumento da produção de petróleo dos Estados Unidos e o aumento dos estoques de petróleo. Isso é um alívio para as companhias aéreas, que têm visto queda nos preços dos combustíveis de aviação, mas a um ritmo menor, devido ao impacto das medidas ambientais de baixo teor de enxofre estabelecidas pela Marinha, o que tem aumentado a demanda por diesel (que concorre com combustível de aviação na capacidade da refinaria). Porém, os preços dos combustíveis de aviação devem ser em média US$ 81,3/barril em 2019, abaixo da média de US$ 87,6/barril em 2018). O benefício total dessa queda virá mais tarde, devido aos elevados níveis de hedging em algumas regiões. O combustível deve corresponder a 24,2% dos custos operacionais de uma companhia aérea normal (maior que a previsão de 23,5% para 2018).

Força de trabalho: O número total de funcionários das companhias aéreas deve atingir 2,9 milhões em 2019, um aumento de 2,2% em relação a 2018. Os salários também estão subindo, refletindo as dificuldades nos mercados de trabalho, e o custo trabalhista por pessoa deve aumentar 2,1% em 2019 após um longo período de estabilidade. Os empregos na aviação estão se tornando mais produtivos. Em 2019, esperamos que a produtividade aumente 2,9%, atingindo 535 mil quilômetros de tonelada disponível por funcionário.

Passageiros: O tráfego de passageiros (medido em RPKs) deve crescer 6% em 2019, acima da previsão de aumento da capacidade (medida em ASKs) de 5,8% e superior à taxa de crescimento da tendência de 20 anos. Com isso, teremos aumento nos fatores de carga e aumento de 1,4% nos rendimentos (recuperação parcial da queda de 0,9% observada em 2018). As receitas de transporte de passageiros, excluindo as receitas complementares, devem atingir US$ 606 bilhões (aumento em relação ao valor de US$ 564 bilhões de 2018).

Carga: O aumento anual de 3,7% no transporte de carga, que atingiu 65,9 milhões de toneladas, é o ritmo mais lento desde 2016, refletindo o fraco ambiente comercial global, que sofre o impacto maior das políticas protecionistas. Os rendimentos de transporte de carga devem aumentar 2,0%. Isso está bem abaixo do crescimento excepcional de 10% em 2018. No entanto, continua o recente fortalecimento do transporte de carga, já que os aumentos de custo são menores. As receitas gerais de transporte de carga devem atingir US$ 116,1 bilhões (aumento em relação ao valor de US$ 109,8 bilhões de 2018).

Perspectiva regional

Todas as regiões, exceto a África, devem apresentar lucros em 2018 e 2019. As companhias aéreas da América do Norte continuam liderando o desempenho financeiro e correspondem a quase metade dos lucros totais do setor. O desempenho financeiro deve melhorar em relação a 2018 em todas as regiões, com exceção da Europa, onde a melhoria sofrerá atraso devido ao alto grau de hedging de combustível.

As empresas aéreas da América do Norte devem apresentar o desempenho financeiro mais forte em 2019 entre todas as regiões, com lucro líquido de US$ 16,6 bilhões (aumento em relação aos US$ 14,7 bilhões de 2018). Isso significa margem líquida de 6,0% e lucro líquido de US$ 16,77 por passageiro, que representa uma melhora significativa em relação aos números de apenas seis anos atrás. A margem líquida superior o índice de 2018 (5,7%), pois os baixos níveis de hedging de combustível permitem impacto imediato dos preços mais baixos. Os lucros serão amortecidos por altos fatores de carga e receitas complementares.

As empresas aéreas da Europa devem ter lucro líquido de US$ 7,4 bilhões em 2019 (um pouco abaixo do lucro de US$ 7,5 bilhões de 2018). A previsão de lucro líquido por passageiro de US$ 6,40 (margem líquida de 3,4%) é quase um terço do lucro líquido por passageiro que deve ser gerado pelas empresas aéreas da América do Norte. A forte concorrência mantém os rendimentos baixos e os custos para atender às regulamentações são altos. A região se recuperou dos ataques terroristas de 2016. Mas em 2018, sofreu custos adicionais de US$ 2 bilhões devido ao aumento de 61% nos minutos de atraso causados por deficiências no controle de tráfego aéreo. Em 2019, os altos níveis de hedging na região atrasarão o impacto positivo dos preços reduzidos do petróleo.

As empresas aéreas da Ásia-Pacífico devem apresentar lucro líquido de US$ 10,4 bilhões em 2019 (acima dos US$ 9,6 bilhões em 2018). O lucro líquido por passageiro deve ser de US$ 6,15 (margem líquida de 3,8%). Esta é uma região de diversos mercados, alguns dos quais apresentam forte crescimento das novas companhias aéreas de baixo custo, enquanto outros dependem muito do transporte de carga dos principais centros de fabricação. O aumento de receita de transporte de carga desacelerou em relação ao forte desempenho de 2017, mas permanece positivo para as companhias aéreas da região. A redução no custo de combustível, os baixos níveis de hedging de combustível e forte crescimento econômico regional apoiam os lucros em 2019 nesta região.

As empresas aéreas do Oriente Médio devem relatar lucro líquido de US$ 800 milhões em 2019 (acima do lucro fraco de US$ 600 milhões em 2018). O lucro líquido por passageiro deve ser de US$ 3,33 (margem líquida de 1,2%). A região tem enfrentado os desafios do impacto anterior de redução nas receitas de petróleo, conflito na região, concorrência de companhias aéreas "superconectoras" e retrocessos em determinados modelos de negócios, levando a uma forte desaceleração no crescimento da capacidade (após mais de uma década de crescimento de dois dígitos, o crescimento da capacidade de passageiros caiu pela metade, chegando a 6,7% em 2017). A região registrou aumento de capacidade de 4,7% em 2018 e deve desacelerar para 4,1% em 2019, o que, com a reestruturação, está ajudando a provocar uma recuperação.

As empresas aéreas da América Latina devem relatar lucro líquido de US$ 700 milhões em 2019 (acima dos US$ 400 milhões em 2018). O lucro líquido por passageiro deve ser de US$ 2,14 (margem líquida de 1,6%). As condições econômicas nos mercados locais estão se recuperando lentamente, com a economia brasileira saindo da recessão, mas a Argentina enfrenta novas dificuldades. A força do dólar americano aumentou os problemas das companhias aéreas da região, pois os principais produtos são cobrados em dólares, como petróleo e aeronaves, mas reestruturações e joint ventures importantes estão melhorando o desempenho.

As empresas aéreas da África deverão apresentar prejuízo líquido de US$ 300 milhões em 2019 (um pouco abaixo do prejuízo líquido de US$ 400 milhões em 2018). A perda líquida por passageiro deve ser de US$ 3,51 (margem líquida de -2,1%). Com isso, a África é a região mais fraca, cenário visto nos últimos quatro anos. O desempenho está melhorando, mas muito lentamente. As perdas devem ser reduzidas em 2019 com a queda dos preços dos combustíveis. A região se beneficia com rendimentos acima da média e custos operacionais menores em algumas categorias. Porém, poucas companhias aéreas na região são capazes de atingir fatores de carga adequados para gerar lucros.

Demanda de passageiros por região

Contribuição econômica do transporte aéreo

Os benefícios do aumento da conectividade global incluem:

  • Em média, a tarifa aérea de retorno em 2019 (antes de taxas e impostos) deve ser de US$ 324 (dólares de 2018), o que representa 61% abaixo dos níveis de 1998, após o ajuste da inflação.
  • Em média, as taxas de transporte aéreo de carga em 2019 devem ser de US$ 1,86/kg (dólares de 2018), o que representa queda de 62% em relação aos níveis de 1998.
  • O número de cidades com conexões diretas exclusivas atendidas pelas companhias aéreas deve aumentar para 21.332 em 2018 (aumento de 1.300 em relação às 20.032 de 2017) e mais do que o dobro dos níveis de 1998.
  • O gasto global dos consumidores e empresas com transporte aéreo deve atingir US$ 919 bilhões em 2019, um aumento de 7,6% em relação a 2018, equivalente a 1,0% do PIB global.
  • As companhias aéreas devem contribuir com US$ 136 bilhões para os cofres dos governos em impostos e taxas em 2019 (um aumento de 5,8% em relação a 2018).

"As viagens aéreas nunca foram tão boas para os consumidores como agora. Não apenas as tarifas estão baixas, como também as opções para os passageiros estão se expandindo. Cerca de 1.300 novas conexões diretas entre cidades foram estabelecidas em 2018. E houve 250 milhões de viagens aéreas a mais em 2018 na comparação com 2017", disse Alexandre de Juniac.

Fonte: assessoria