GL events e CSM encerram negociações com a Maracanã S/A

Empresas desistem de comprar o Consórcio do Maracanã por causa da Lava-Jato.

Em nota conjunta divulgada nesta quinta-feira (23), o grupo francês GL Events e a empresa britânica CSM (Chime Sports Marketing) comunicaram a desistência de comprar a concessão de exploração do Complexo Maracanã da Construtora Odebrecht.

A GL Events e a CSM informam que, por conta de não terem sido apresentadas garantias adequadas de segurança jurídica e contratual, deram por encerradas as negociações de compra do controle acionário da Concessionária Complexo Maracanã Entretenimento S/A”. A Construtora Odebrecht, que detém 95% de participação no consórcio, está sendo investigada na Operação Lava Jato, o que contribuiu para a desistência das empresas estrangeiras.

As empresas, que eram parceiras do Flamengo e Fluminense na concessão, destacaram, entretanto, que continuam interessadas em participar de concorrência pela gestão do Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã, "se o governo fluminense tomar a decisão de promover uma licitação que proporcione a indispensável segurança jurídica e financeira aos investidores”.

O estádio foi inaugurado em 1952, no bairro do Maracanã, zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Em 2013, o Consórcio Maracanã S/A, integrado pelas empresas Odebrecht, IMX e AEG, ganhou licitação do governo do estado para explorar comercial e administrativamente da arena por 35 anos. Em março do ano passado, o consórcio cedeu o estádio ao Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. No momento da devolução, entretanto, o consórcio não aceitou o estádio de volta alegando que o equipamento não estava nas mesmas condições em que foi cedido. Com isso, o Consórcio Maracanã S/A não quis mais administrar o estádio, que chegou a 2017 em situação de abandono e já teve equipamentos e peças roubados do local.

A empresa francesa Lagardère passa a ser a única a querer comprar a concessão de exploração do Maracanã. Ela passa a ser a única concorrente e quer pagar R$ 60 milhões pelo negócio, fora o dinheiro para o Governo do Estado. Isso inclui ainda readequação de contrato e ajustes diante do que será preciso investir no estádio. Pelos 33 anos de contrato, a previsão de investimento está na ordem de R$ 500 milhões.

No entanto, o Flamengo garante que não vai jogar no Maracanã caso a empresa ganhe a licitação. Nos bastidores, se fala que as negociações entre Lagardère e Flamengo não vão bem.

A empresa francesa já havia entregado garantias financeiras e se comprometeu a cumprir exigências da Odebrecht, que afastaram a CSM e GL Events. Entre as exigências, que os concorrentes assumissem os custos de reparos do Maracanã, pagassem outorgas atrasadas ao Governo do Estado também.

De acordo com a assessoria de imprensa da empresa, as negociações estão em estágio avançado. Segundo a nota, "a Lagardère não teme problemas jurídicos com a licitação em vigor, pois foi a segunda colocada na concorrência. Por direito, deveria levar o estádio caso fique provado favorecimento para a Odebrecht".