Justiça despeja Moinho Eventos

O Moinho Eventos, um dos mais conhecidos e tradicionais espaços para eventos da capital paulista, encerrou suas atividades.

O Moinho Eventos, um dos mais conhecidos e tradicionais espaços para eventos da capital paulista, encerrou suas atividades de forma melancólica.

A informação esta publicada no site do espaço, através de uma Nota Oficial.

De acordo com a Nota, o imóvel em que estava localizado o Moinho Eventos foi vendido, e os novos proprietários decidiram não renovar o contrato de aluguel do espaço. O caso foi parar na Justiça, e depois de anos tramitando no judiciário paulista, no final de fevereiro o juiz da 7ª Vara Cível do Foro Central de São de Paulo decretou o despejo dos atuais inquilinos.

Tendo em vista os eventos contratados e ainda não realizados, a Nota informa que a direção da Moinho Eventos Ltda esta negociando a transferência dos mesmos para outros espaços, desde que exista concordância dos clientes. "Ou iremos ressarcir todos os valores já pagos pelos clientes que optarem em rescindir o contrato", afirma a Nota. Como única forma de comunicação com os responsáveis pelo espaço, a Nota informa o telefone do departamento jurídico da empresa.

ALERTA PARA O MERCADO

Com base nos dados informados na Nota Oficial, a equipe do Portal Eventos pesquisou o processo que gerou o despejo (0190883-85.2006.8.26.0100), e descobriu que o mesmo começou em 2006 e que, mesmo cientes de que a qualquer momento poderiam ser obrigados a deixar o imóvel, os proprietários da empresa continuavam contratando eventos para realização futura.

Este não é o primeiro, e nem será o último espaço para eventos a fechar as portas abruptamente, deixando clientes e prestadores de serviços apreensivos. Num dia o casal é recebido por toda uma equipe de vendas bem treinada, chef's badalados, etc. Contratos são assinados regados a brindes com champanhe. E no dia seguinte, o bom atendimento e toda a cordialidade é substituída por uma Nota Oficial, e o telefone de um escritório de advocacia. E os sonhos e preparativos do casamento ou evento tão esperados, são substituídos pelo gosto amargo de negociações tensas e estressantes de reembolso de valores pagos e dos prejuízos sofridos.

Os proprietários destes empreendimentos são responsáveis por esta situação? Sem dúvida, uma vez que deveriam informar de forma transparênte a situação em que se encontram, dando aos clientes o benefício da escolha de assinar um contrato de risco ou não. Mas por outro lado, a desiformação por parte de quem contrata o evento também contribui para este resultado. Afinal, quando vamos contratar um evento, não exigimos do espaço o mesmo nível de informação que este exige de nós para a assinatura do contrato. Quantas vezes perguntamos se os responsáveis pelo espaço são proprietáros do imóvel ou inquilinos, e exigimos a documentação que comprova a situação de regularidade do mesmo (cópia da escritura e/ ou contrato de locação), álvara de funcionamento, álvara sanitário ou de segurança. Todos estes itens devem ser obrigatórios no Check In de um evento social ou corporativo. Mas na maioria das vezes não são. E aí nos resta chorar o leite derramado.

Entidades como a Abrafesta, que reúne empresas e profissionais do segmento de casamentos e eventos sociais, e visa buscar sempre as melhores práticas para o setor, deveriam estar atentas, divulgando e alertando os consumidores para situações como esta. Na data da publicação desta notícia no Portal Eventos, nossa equipe não localizou nenhuma nota no site da entidade, no mínimo no sentido de orientar os clientes da Moinho Eventos Ltda. sobre a situação da mesma e como devem proceder daqui por diante.

O ESPAÇO

O espaço estava Instalado no antigo complexo industrial dos Grandes Moinhos Gamba, na Mooca. Após o encerramento das atividades idustriais, o espaço até então ocupado ficou em desuso até que, em 1994, um grupo de badalados empresários da noite na época, que reunia, entre outros, José Victor Oliva, Ricardo Amaral e Carlos Ortalli, restauraram a área e montaram o Moinho Santo Antonio, badalada casa noturna que funcionou até o início de 2000, quando a parte societária foi vendida para quatro empresários, entre eles Irineu Ruffo, que montaram o Moinho Eventos, com vários ambientes originais preservados, entre vilas, fontes, villagios, salas e salões, além de uma área verde de 1.200 m2 .

Em 2007 o prédio foi tombado pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo).