Conferência GBTA 2018

Tecnologia, mobilidade, bleisure e análise de riscos foram os tema dominantes.

A GBTA realizou nesta segunda (11) a Conferência GBTA Brasil 2018, em São Paulo, no Palácio Tangará. O evento, que reuniu cerca de 200 participantes, tratou de temas como viagens corporativas, tecnologia e inovação com startups, tendências em mobilidade corporativa, mitigação de riscos em viagens e eventos e geração de receitas em viagens corporativas, entre outros.

Rogério Miranda, diretor da Inteegra Soluções; Caio Artoni, fundador da Smartrip e Marco Aurélio, diretor da Even3.
A apresentação sobre as startups foi ministrada por Rogério Miranda, diretor da Inteegra Soluções. O painel contou com a presença de Caio Artoni, fundador da Smartrip, e Marco Aurélio, diretor da Even3. Miranda explicou que as startups enfrentam alguns desafios: "encontrar investidores, convencimento do valor de seu negócio, aceitação de empresas tradicionais, resistência em fazer parcerias, cultura organizacional e questões burocráticas”.

Marco Aurélio comentou “a dificuldade que das empresas do setor na utilização dos dados disponibilizados pelas novas ferramentas desenvolvidas por startups”, constituindo-se num “desafio a dificuldade das empresas em traduzir os dados que lhes permitam a tomada de decisões”.

Já Caio Artoni reclamou da falta de integração entre as empresas do setor e startups especializadas, apesar “dessa resistência ter se reduzido nos últimos anos”. “As empresas precisam enxergar a startup como parceira, para que juntos construam algo de valor”, finalizou Aurélio.

Em seguida, a travel manager da Ericsson, Maria Cecilia Mattiuzzo, apresentou o painel “Velozes e Furiosas: As Tendências da Mobilidade Corporativa”, na companhia de Fernando Cavalheiro, diretor da CEP Transportes; Philip Chaves, diretor geral da Uber, e Robson Oliveira, gerente da Enterprise. Maria Cecilia apresentou dados que demonstram a importância do setor no Brasil: “Em 2017, a locação de veículos representou R$153 milhões; a logística para os eventos corporativos, R$40milhões e a locação de veículos internacionais através dos pontos de venda no Brasil outros R$32 milhões”.

Fernando Cavalheiro, diretor da CEP Transportes; Robson Oliveira, gerente da Enterprisea; Philip Chaves, diretor geral da Uber e Maria Cecilia Mattiuzzo, travel manager da Ericsson.
De acordo com o diretor da Uber, “o Brasil é um dos mercados mais importantes para a empresa, São Paulo é o terceiro mercado da Uber no mundo. Todas as novidades que a empresa está trabalhando serão implementadas rapidamente aqui”.

A mudança de mindset dos gestores de viagens foi a tônica do painel. “Os gestores precisam quebrar paradigmas e mudarem suas políticas, para gerar novas oportunidades para as empresas em que atual”, comentou o diretor da CEP Transportes.

Fernando Cavalheiro também enfatizou a importância de as empresas manterem uma relação de parceria com os fornecedores. “Trocas de ideias e identificação de oportunidades, estabelecendo parcerias, alinhando expectativas”.

Segundo Robson, “a burocracia, a carga tributária, a instabilidade institucional e questões de segurança e meio ambiente geram atraso na atualização de novas tecnologias”, explicando porque “o estrangeiro consegue implantar suas inovações com mais velocidade e facilidade. Quando conseguimos adota-las já estão ultrapassadas e precisam ser atualizadas novamente”, finalizou Philip Chaves, da Uber.

YOLO: You Only Live Once

Tricia Neves Levy, diretora das consultorias Mapie e Phocuswright; Vinicius Luz, da Unilever e José Roberto Fonseca, da Merck, Sharp
Depois do almoço, uma tendência que vem se impondo, o Bleisure, foi apresentada por Tricia Neves Levy, diretora das consultorias Mapie e Phocuswright. Mas antes de tratar o tema da palestra, Business + Leasure, Tricia falou do contexto do mundo em que vivemos, que pode ser resumido no acrônimo V.U.C.A., abreviatura em inglês dos termos Volatility (volatilidade), Uncertainty (incerteza), Complexity (complexidade) e Ambiguity (ambiguidade).

Segundo Tricia, “a forma de viver mudou e continua mudando: para as novas gerações o que importa é a vontade de se arriscar, realização pessoal, valorização do viver, sem medo de mudar e buscando sempre o equilíbrio pessoal/profissional”. Também a forma de consumir mudou e continua mudando. “Os consumidores são mais exigentes, mais conscientes e tem mais opções”.

A forma de trabalhar também mudou. As gerações Y e Z crescem no mercado e exigem cada vez mais: “flexibilidade, reconhecimento, aprendizado, desafios e criatividade”. Para a Geração Y (nascidos entre 1979 e1986) “o trabalho é uma ferramenta de realização pessoal; são inquietos e imediatistas; querem flexibilidade; priorizam acesso e não propriedade; priorizam as experiências (72.9% dizem que seu maior sonho é viajar e conhecer outras culturas) e adotam a filosofia YOLO: You Only Live Once”.

Já a Geração Z (nascidos entre 1987 e 2010) tem inteligência pragmática e realista, são tolerantes e resilientes, vivem num mundo naturalmente diverso, autênticos e individualistas, nativos digitais, nasceram ouvindo falar em inovação: criam suas próprias soluções, não existe emprego para a vida toda, trabalham para viver e não para enriquecer e têm aspiração salarial moderada.

A questão é como, neste contexto, as empresas se relacionam com este novo cenário? Como ficam as políticas de viagens? O que pensam os colaboradores e os gestores de viagens? Este foi o tema debatido por Vinicius Luz, da Unilever, e José Roberto Fonseca, da Merck, Sharp & Dohme.

Vamos falar de risco?

Allan Miranda, do Bank New York Mellon,
A Conferência GBTA 2018 foi encerrada com a palestra de Allan Miranda, do Bank New York Mellon, especialista em segurança, que abriu com um convite à plateia: Vamos falar de risco?

“A preocupação com risco aumentou consideravelmente em 2001, após os atentados às Torres Gêmeas, em Nova York, mas foi em 2010, com a ocorrência erupção do vulcão Eyjafjallajokull que causou o fechamento do espaço aéreo europeu, bilhões de euros de prejuízo, colapso dos sistemas e, o pior, certeza que ninguém sabia quase nada, que se constatou como estamos vulneráveis ao imponderável”, comentou Miranda.

Mas, afinal, o que é risco? Possibilidade de insucesso de determinado empreendimento, em função de acontecimento eventual, cuja ocorrência não depende exclusivamente da vontade dos interessados.


Segundo Allan, a fórmula de calculo do risco, é: Ameaça x Probabilidade x Impacto = Risco. Os riscos são avaliados como Baixo, Moderado ou Elevado, no entanto, a classificação do risco de um evento não necessariamente é a mesma para todos.

Alguns riscos em viagens de negócios, mais comuns, são atrasos de voos, doença, extravio de malas e roubos, todos cobertos por seguro. No entanto, vendavais, terremotos, tornados, guerras e atentados terroristas são mais raros, preocupantes e não cobertos por seguro.

Allan apresentou alguns números: 21,6 milhões de malas extraviadas no mundo, 1 acionamento de assistência de viagens a cada 4 minutos, mais de 100 aeroportos fechados diariamente por questões climáticas, 1 incidente terrorista é evitado a cada 2 horas em algum lugar do mundo e 1 senha eletrônica roubada (ou descoberta) a cada 2 minutos.

Logo surgem as perguntas: é possível prever? É possível evitar? É possível remediar? Em resposta, Allan Miranda apresentou os Três Passos (Triângulo de Risco): Informação, Ação e Monitoramento, passos que se retroalimentam.

Para que se possa prever, evitar ou remediar, o primeiro passo é manter-se Informado: “investir e insistir na Educação do Viajante, ampla divulgação da política de viagens e meios de contato, adoção de treinamento para viajantes frequentes, checklist de viagem (vacinas, remédios permitidos, vistos etc.) e envio de informações relevantes sobre a viagem. Enfim, a informação deve ser preocupação de todos os envolvidos”.

O segundo passo, segundo Miranda, é o Monitoramento. “Como está minha política de viagens?, acompanhamento de notícias, obter informações e fatos relevantes sobre o destino e conhecer e acompanhar a localização do viajante”.

E, finalmente, no terceiro passo, Ação, se requer: “buscar melhoria continua dos processos de viagens, disponibilizar meios ágeis de contato e auxílio, possibilitar alerta em caso de problemas ou incidentes (mão-dupla), resolver imediatamente tudo que possa colocar em risco a viagem e/ou o viajante e ter funcionários dispostos a ajudar (a toda hora, todo dia e em todo lugar)”.

Segundo Allan Miranda, o gestor deve ser um verdadeiro Cão de Guarda, monitorando durante toda a viagem e proporcionando tranquilidade de acesso ao viajante. Em pesquisa recente, viajantes questionados se gostam de ser monitorados, 72% responderam: Não, 19% responderam não ligar e 9% que gostariam. No entanto, à pergunta se gostam de ter alguém sempre pronto a ajuda-lo, 97% responderam Sim e apenas 3%, Não.

Na mesma pesquisa, em 2014 gestores questionados se se preocupam em monitorar seus viajantes, apenas 33% responderam positivamente. Em 2017, 78% dos gestores se preocupam em monitorar seus viajantes. Na sequência, Miranda explicou como um gestor pode se tornar um Cão de Guarda: “buscar informação sempre, formular um plano/manual de ações (começando com ações frequentes), rever periodicamente o perfil dos seus viajantes e riscos envolvidos, conhecer as ferramentas disponíveis para esta finalidade, ter informativos confiáveis sobre segurança e clima e dificultar todo o acesso aos dados e informações do viajante”.

Finalizando sua apresentação, Miranda deu alguns exemplos de ferramentas muito úteis para o gestor de risco: sistemas de monitoramento constante, aplicativo de mensagem instantâneas, relatório de consultorias e agencias de informações, telefones de contato e sites e/ou links para realização de Check-in de segurança.