Eventos precisam se reinventar, apontam especialistas durante o Fórum Eventos

A importância do mercado de eventos para o desenvolvimento econômico e sociocultural do País veio à tona novamente com a realização da 4ª edição do Fórum Eventos, que começou hoje e segue até amanhã no Centro de Convenções Rebouças, na capital paulista. Profissionais renomados, vindos de diferentes partes do mundo, vão trazer as mais recentes tendências da área, mostrando a necessidade de sempre se reinventar ou, pelo menos, fazer o mesmo de forma diferenciada. Rodízio nas mesas entre os painéis é uma das novidades, sempre com o mesmo objetivo: troca de experiências e networking.

O início dos trabalhos foi feito em grande estilo com a cerimônia de certificação de 13 profissionais que, após um curso composto por nove módulos, passaram a integrar o quadro daqueles que detêm o Certified Exhibitions Management (CEM) homologado pela International Association Exhibitions and Events (IAEE).

“É uma instituição mundial líder no setor de feiras, que certifica profissionais com competência e qualidade. Ter o CEM é um diferencial”, afirmou o CEO da New Events Global, António Brito. Atualmente, já existem 28 profissionais qualificados com essa certificação. Outros 30 estão inscritos para participar do treinamento.

O vice-presidente da IEE, Scott Craighead, também subiu ao palco para parabenizar os novos “formandos” e aproveitou para convidar o público para celebrar o dia nacional de eventos, comemorado no dia 8 de junho. “É muito importante para a indústria”.

O presidente executivo da UBRAFE, Armando Campos Mello, falou sobre a necessidade da certificação para que seja possível continuar exercendo as atividades, já que a atividade está cada vez mais globalizada. “Nesse momento de crise, as feiras estão mais compactas, sofreram ajustes, mas estão efetivas, o mercado tem feito bons negócios”, afirmou.

Após a cerimônia, o editor da Revista Eventos e idealizador do Fórum, Sérgio Junqueira Arantes, apresentou os números que fazem o setor de eventos se destacar na economia nacional. Ao todo, são R$ 652,9 bilhões de faturamento, 590 mil eventos anuais, 15,6 milhões de empregos gerados e 6,5 milhões de hospedagem por ano. “Se não valorizarmos o nosso setor, quem o fará? Se não dissermos que somos os segundo PIB do País, quem o fará?”.

Estes foram alguns dos questionamentos feitos por Junqueira, que aproveitou a ocasião para mostrar seu descontentamento com a falta de um centro de convenções a altura de São Paulo e Rio de Janeiro. “Temos excelentes pavilhões de eventos, mas ainda falta um centro de convenções para que possamos trabalhar”, afirmou o editor. Para Sérgio Junqueira, o setor precisa se unir, ter um discurso único para que seja respeitado, sobretudo, na atual conjuntura política e econômica do Brasil.

“Nós temos que unir as vozes de todo o setor, de todas as entidades que compõem a cadeia de valores de eventos e turismos para chegarmos aos diversos poderes públicos e mostrar que não devemos ser mera moeda de troca de conjuntura política, nem sempre as mais adequadas. Vocês são a força do setor”, concluiu o idealizador do Fórum, abrindo as atividades do primeiro dia de discussões.

O primeiro painel trouxe como tema Eventos: Solução e Conteúdos com o CEO e fundador do Grupo Eventos.es Jesus Gomez Merino, o COO da Events by TLC, John Hooker e o presidente da Agencia Tudo e VP da AMPRO - Associação de Marketing Promocional, Mauricio Magalhães. A mediação foi feita pelo presidente da Academia Brasileira de Turismo, Sérgio Medina Pasqualin. Diversão, atividade física e leveza foram algumas das palavras que permearam as apresentações.

Com uma dinâmica que fez o público se mexer e participar ativamente da palestra, Jesus Merino mostrou que é possível fazer um encontro sem sede, sem palestrante, sem luzes, sem cenografia e até mesmo sem tecnologia, mas nunca sem conteúdo e, principalmente, pessoas. Entender as necessidades daqueles que integram o evento é considerado um dos preceitos básicos para garantir o sucesso de um congresso ou seminário, por exemplo.

“Cada pessoa tem uma forma diferente de pensar. Não podemos dizer que todos gostam da mesma coisa e muito menos dividir (as preferências) por questão de sexo. Eu agradeço muito quando me perguntam o que eu quero, porque vocês não perguntam para os participantes o que eles querem? Não vamos nos conformar em fazer o de sempre, temos que oferecer algo diferente, novo”.

Aliar diversão e conhecimento é uma das estratégias propostas pelo espanhol que não tem dúvidas ao afirmar que para chamar a atencão do público é preciso trazer alegria e divertimento. “Se quiserem que eu não fique cansado, vamos nos divertir. Até o político pode falar de forma divertida. As pessoas querem se divertir. Diversão e aprendizado estão conectados. Vamos desenhar os meetings de forma diferente, senão ficaremos sem clientes”.

Com base em pesquisas, John Hooker aposta na atividade física aliada aos negócios para facilitar a aprendizagem. “Como organizadores de eventos, estamos aqui tentando acomodar todos os desafios, temos coisa em comum com a nossa plateia, o bem estar do público. Temos que ter equilíbrio entre vida, trabalho e conteúdo”. De acordo com Hooker, dados revelaram que um indivíduo que pratica a corrida tem o cérebro 2% maior, podendo absorver mais informações. “A pessoa fica mais receptiva a novidades, são pessoas que podem ser desenvolvidas no futuro. A atividade física deve fazer parte do nosso evento”.

Enquanto isso, Mauricio Magalhães falou de razão e emoção e de como o Brasil é um país com cabeça de eventos. Ao mesmo tempo, ele destacou a existência de uma indústria que não corresponde ao jeito de ser do brasileiro. “Precisamos entender eventos e a multiplicação deles como alguma coisa leve. Temos uma cadeia neurótica sobre tecnologia, horário, pontualidade. O nome do jogo é simplicidade. Tudo hoje vira planilha e prazo. Nossa plataforma é cheia de rigor burocrático, mas o importante é a mensagem que queremos passar”.

Fonte: Cami