Seja para garantir uma alimentação saudável aos participantes ou mesmo para prevenir alergias, os organizadores precisam de muito planejamento para oferecer um momento agradável e seguro ao público. O assunto foi destaque no Painel Tendências do A&B no Mundo, durante o segundo e último dia do Fórum Eventos 2016, que terminou ontem no Centro de Convenções Rebouças, na capital paulista.
Para Tracy Stuckrath, da Thrive! Meetings & Events, a comida é a única coisa que a pessoa vai comprar e vai se tornar parte dela. “O alimento é o que sustenta a nossa vida”, disse a especialista, logo no início da sua apresentação. A busca por uma alimentação mais saudável, com interesse pela procedência dos produtos, tem se tornado uma tendência, garantiu Tracy, que trouxe o tema para dentro dos eventos.
“Quantos de vocês falam sobre a redução na quantidade de comida no evento? Mundialmente, é desperdiçado 33% de comida. Nos Estados Unidos, chega a 40%. Precisamos criar um menu mais interessante. Precisamos criar alternativas interessantes. Quem come quinoa? Podemos servir quinoa de manhã, faz um ótimo mingau, tem nove aminoácidos, é uma boa alternativa para todo mundo. Temos que incorporar a tecnologia aos nossos eventos”.
Criar um evento dentro do próprio evento, com experiências gastronômicas, foi outra dica de Tracy, que também enfatizou a questão das alergias. “Uma em cada 133 pessoas tem doença celíaca (não pode comer glúten) e não sabe. Alergia pode matar instantaneamente. É preciso comunicar os participantes sobre as comidas e entender as suas necessidades”.
O Fórum Eventos, por indicação da Tracy encaminhou a todos os pré-inscritos no evento uma pesquisa questionando suas necessidades especiais. A pesquisa foi respondida por 102 participantes, sendo que 9 indicaram ter necessidades especiais. Tanto o Casablanca que atendeu o Fórum no local do evento, quanto o Espaço Figueira que ofereceu um jantar, estavam preparados para dar um tratamento especifico para estes 9 participantes. Além disso, todos os pratos tinham indicação de seus ingredientes, salientando a questão do glúten, lactose etc.
Se para um evento de mil pessoas, a alimentação deve ser um dos itens de maior relevância, imagina oferecer 70 mil refeições diárias para mais de 18 mil residentes e 2500 funcionários. Esse será o difícil e minuciosamente planejado trabalho feito por Marcelo Traldi Fonseca, o diretor de operações da Vila dos Atletas, nas Olimpíadas Rio 2016. Ele será responsável pela alimentação dos atletas. E qualquer deslize pode ser fatal.
A aquisição de 800 tablets para identificar e mostrar as características dos alimentos, em três línguas, evitando alergias, é apenas um dos itens da lista quando o assunto é organizar a manipulação de 180 mil alimentos por dia. São 300 metros lineares de buffet divididos em diversas estações.
“Vamos mostrar e valorizar a comida brasileira. Haverá área para asiáticos, muçulmanos, pizza e massa 24 horas, e área de sushi também 24 horas. O planejamento é feito em planilhas, com variáveis. Nos horários de pico, tenho pessoas que só reabastecem pão e leite. Nossos cardápios têm que ser culturalmente representativos. Nosso maior cuidado precisa ser a segurança. Fazer comida gostosa a gente sabe, mas segura é a minha maior preocupação. Por isso desenvolvemos sistema que rastreia o produto e o equipamento”.
Afinal, mesmo servindo no maior restaurante do mundo, precisamos estar preparados para atender a todas necessidades especiais dos atletas e seus acompanhantes e muito atentos para qualquer problema, “afinal a última coisa que queremos é que a imprensa mundial coloque em sua primeira página que Usain Bolt não pode correr devido à uma infecção contraída em um de nossos restaurantes”, referenciou Marcelo Traldi. Para isso, todos os ingredientes são rastreados desde sua origem no produtor até o prato do atleta.
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