Turismo de negócios aplaca efeitos de apagão e câmbio

No rastro do crescimento do produto interno bruto, o turismo de negócios puxou o faturamento dos hotéis no país ao longo de 2007. A expansão da economia tem alimentado o vaivém de executivos, refletidos no aumento do nível de ocupação e das tarifas do segmento, especialmente no Rio e em São Paulo, afirma o sócio da área de auditoria da Deloitte, John Auton. 

 

Sem esse mercado de hóspedes executivos, diz Auton, os hotéis estariam em má fase, devido ao câmbio valorizado e à crise aérea deflagrada no ano passado. "Neste ano, o dólar desvalorizado afastou os turistas estrangeiros, que passaram a procurar destinos mais baratos para o lazer", afirmou. A queda da cotação do dólar também afetou o segmento ao desviar parte dos turistas brasileiros para o exterior. 

 

No Rio, o hotel Marina Palace apresentou 65% da ocupação de janeiro a setembro composta pelos que chegam à cidade para trabalhar. "Desde 2004, a cada ano, a ocupação ligada a esse mercado aumenta", afirmou a gerente de vendas do hotel, Anna Luiza Fischer. 

 

O Marina Palace tem sete andares exclusivos para esse público e, por conta da demanda crescente, formada em sua maioria por executivos estrangeiros, vai reformar mais quatro andares no ano que vem. "Apesar da diária 20% mais cara, os apartamentos desses andares estão sempre lotados", disse Anna Luiza. 

 

De olho no filão, o hotel Sofitel do Rio planeja ir à Europa e aos Estados Unidos em busca de contratos empresariais neste ano. "Queremos atrair as empresas internacionais e trazer grupos de 20 a 60 pessoas para eventos organizados no hotel", disse o gerente-geral Sofitel Rio, Philippe Godefroit. 

 

Da mesma cadeia hoteleira, a francesa Accor, o diretor de operações dos hotéis Mercure e Novotel no Brasil, Orlando de Souza, prevê expansão de 12% no faturamento neste ano para as 26 unidades das duas marcas localizadas somente em São Paulo em razão do crescimento da ocupação e da tarifa média. 

 

"A grande vocação de São Paulo é o turismo de negócios. Aqui estão as sedes das grandes empresas e as maiores áreas para eventos do Brasil", afirmou Souza. Ele estima que as 26 unidades devem fechar 2007 com a ocupação muito próxima a 70%, o que representa um crescimento de 40% sobre o nível de 2004. "Há um fluxo grande de turistas como reflexo do crescimento econômico na cidade", diz Souza. O diretor de operações destaca que o faturamento dos hotéis da cidade foram menos afetados pela crise aérea, pois São Paulo concentra quase todos os vôos internacionais do país. 

 

Um levantamento da Deloitte feito com 60 hotéis de quatro e cinco estrelas do Rio e de São Paulo mostra que o faturamento de janeiro até agosto deste ano aumentou em relação a 2006. 

 

Em São Paulo, a ocupação cresceu 7%, enquanto a tarifa média subiu 10%. No Rio, a ocupação caiu 8,6% nos oito primeiros meses do ano e o preço da tarifa registrou alta de 5,7% no período. 

 

Auton prevê a continuidade na alta do faturamento até o fim de 2007, mas ressalta que o segmento não conseguirá reverter o prejuízo do ano passado. Uma outra pesquisa elaborada pela auditoria com 55 hotéis em sete Estados do país apurou prejuízo de R$ 56 milhões em 2006. No ano anterior, a auditoria havia apurado resultado negativo de R$ 66 milhões em 2005. 

 

Para Auton, as despesas com vendas foram a principal razão para a projeção de balanços no vermelho em 2007. "O Brasil perdeu competitividade com outros destinos e os hotéis tiveram que gastar mais na infra-estrutura de vendas para manter o faturamento em alta", disse.

 

Fonte: Newsletter Salvador da Bahia Convention & Visitors Bureau