O que a Rio 2016 ensina sobre o futuro da tecnologia em eventos

Consultor Marcelo Montone faz balanço sobre a edição mais interativa de todos os tempos e mostra a lição que as empresas devem seguir
Marcelo Montone - Especialista em marketing digital

As Olimpíadas e Paralimpíadas Rio 2016 formaram a edição mais interativa de todos os tempos dos tão tradicionais Jogos Olímpicos. Utilizando-se da tecnologia em todo o seu processo de organização e acompanhamento, o evento proporcionou uma proximidade maior entre os atletas e o público e uma explosão de engajamento nas redes.

A penúltima edição, a Olimpíada de Londres em 2012, marcou o início da digitalização na comunicação de eventos do esporte mundial. Naquela oportunidade muito se falou na utilização de dispositivos digitais voltados para o rendimento dos atletas, na avaliação das competições e na cobertura dos Jogos, e várias dessas ideias, foram, de fato, muito bem aproveitadas pelo Comitê Olímpico. Entretanto, ainda era o embrião de um fenômeno que veio se apresentar, de fato, em 2016.

Na edição brasileira, os recursos digitais foram explorados à exaustão, estando presentes em cada etapa do evento e inclusive antes dele. Foi possível perceber essa adesão definitiva às facilidades da tecnologia desde o acompanhamento da passagem da Tocha Olímpica pelas cidades, a entrada na Vila Olímpica até a saída do local, passando ainda pelas arenas e ginásios, pelo comércio interno, e ainda através do aplicativo oficial, o “Rio2016”, para smartphones e tablets, o primeiro aplicativo 100% multi línguas em Olimpíadas, disponibilizado pelo COI.

Nessa edição, o público teve acesso direto e permanente às informações das competições, das delegações, dos atletas, dos locais, tudo transmitido em tempo real através das redes e a interatividade aumentou exponencialmente. Segundo dados levantados pela empresa Sprinklr, especializada em soluções para gestão de experiência social do consumidor, foram mais de 40 milhões de menções aos Jogos, e cerca de 550 mil, citando as marcas patrocinadoras, dados que tornaram o Brasil o segundo país mais participativo do evento.

Paralelamente, não chegamos a explorar todo o potencial oferecido pelos recursos tecnológicos quando se fala em facilitar operações rotineiras e mesmo em aproximar as pessoas da informação, embora haja esforços significativos em prol disso. Exemplos são as filas quilométricas para acesso aos serviços oferecidos dentro da Vila Olímpica, ou até mesmo no transporte até ela. Esse problema poderia ser facilmente evitado com um sistema simples de RFID (radio frequency identification), como o utilizado nos parques da Disney, que, além de agilizar – e muito - a vida dos visitantes, proporciona o recolhimento de um número significativo de dados, que vão de identificação, comunicação, geo-localização, até gênero e preferências, garantindo um atendimento mais efetivo e personalizado das necessidades de determinado cliente ou público. Informações essenciais para um Marketing Digital cada vez mais eficiente.

O Brasil tem um imenso potencial tecnológico e sua utilização, enquanto sede do maior evento esportivo do mundo, foi muito expressivo. Para as empresas em geral, a lição que fica é a importância de saber aproveitar o momento e as tecnologias para se reinventar e se destacar. Criar novas maneiras de se chegar ao cliente e saber aproveitar o engajamento online para impulsionar a sua marca é cada vez mais importante.

Para os Jogos Olímpicos, resta, agora, esperar para ver nosso legado ser estendido em Tóquio, em 2020. E como a tecnologia - que lá já está muito à frente- vai nos surpreender nos eventos. Que venham as próximas Olimpíadas, e que sejam tão impactantes fisicamente, quanto poderão ser um dia no mundo digital.