Casa Cor Goiás 2011 desenvolve trabalho sócio-ambiental com resíduos

Um dos problemas mais sérios enfrentados pelo Brasil na questão ambiental é a ausência de regras para gerir o tratamento das mais de 150 mil toneladas de lixo produzidas diariamente nas cidades brasileiras. Em Goiás, um terço das cidades sofre alguma forma de agressão ambiental em decorrência dos resíduos oriundos das atividades industrial, comercial, hospitalar, agrícola, doméstica, de varrição e da construção civil. Diante dessa situação, construtoras goianas têm demonstrado preocupação em reduzir o desperdício e a geração de resíduos, treinando profissionais para fazer a separação do material ainda no canteiro de obras.

Agora é a vez do setor de eventos imprimir maior racionalidade na gestão dos resíduos, de forma econômica e ambientalmente viável. Empenhada em difundir as práticas de sustentabilidade no mercado de arquitetura, decoração e paisagismo, a Casa Cor Goiás 2011 está apostando em um projeto para a gestão dos resíduos sólidos – aquilo que genericamente se chama lixo – produzidos antes, durante e após o evento. Para isso, a organização da mostra estabeleceu uma parceria com a empresa goiana Renove, que desenvolveu um Programa de Gestão Sustentável dos Resíduos Sólidos para a Casa Cor Goiás. “Com essa iniciativa, esperamos dar início a uma reação em cadeia para que fabricantes, distribuidores, comerciantes e consumidores se empenhem na redução da quantidade de resíduos gerados no dia a dia e também na sua correta destinação, reutilizando-os no ciclo produtivo a fim de diminuir o consumo de recursos ambientais e os impactos à saúde humana”, pondera Sheila Podestá, organizadora da Casa Cor Goiás.

O projeto tem por objetivo evitar que os resíduos de construção e demolição oriundos da edificação erguida para abrigar a Casa Cor Goiás causem prejuízos à população e ao meio ambiente, combatendo desperdícios e amenizando impactos ambientais. Para isso, o projeto prevê a proibição do acondicionamento final dos resíduos em locais inadequados, a redução do volume do entulho gerado, a aplicação de procedimentos de separação para cada tipo de resíduo, a reutilização de materiais e a reciclagem dos demais resíduos, de forma a transformá-los em matéria-prima para novos produtos.

Vantajoso dos pontos de vista ambiental e social, o gerenciamento dos resíduos também é economicamente lucrativo, na medida em que contribui para a diminuição da quantidade de recursos naturais e energia a serem gastos e dos custos de produção. De acordo com o sócio-diretor da Renove, engenheiro Ambiental Nelson Siqueira Neto, mais de 50% dos resíduos gerados no Brasil vem da construção civil. “Gerar resíduos na construção civil é considerado uma dupla perda econômica para empresa ou empreendedor. Primeiro, pelo fato do produto comprado não ser utilizado 100% na obra. E segundo, porque o custo econômico para dar uma destinação correta aos resíduos é alto”, explica o engenheiro.

Tipos de Resíduos - O programa que está em fase de implantação na Casa Cor Goiás, desde o dia 15 de março, consiste na correta separação, coleta, transporte, armazenamento, tratamento, reciclagem e destinação final dos resíduos gerados na implantação do evento, durante a mostra e também na sua desmontagem. De acordo com a classificação determinada pela resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente - Conama, de 2002, os resíduos da construção civil são subdivididos em quatro classes:

Os resíduos de Classe A são aqueles reutilizáveis ou recicláveis, tais como tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento, argamassa e concreto; os da Classe B são os resíduos recicláveis para outras destinações e englobam plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e outros; os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias que permitam sua reciclagem, como os produtos oriundos do gesso, fazem parte da Classe C; os resíduos da Classe D, por sua vez, são aqueles que oferecem algum tipo de perigo para a saúde, tais como tintas, solventes e óleos. Além dos resíduos oriundos do processo de construção, o projeto que está sendo implantado na Casa Cor Goiás prevê a correta destinação dos resíduos orgânicos e recicláveis resultantes das atividades dos bares, cafés e restaurantes ao longo do evento.

Fases do Projeto - O Programa de Gestão Sustentável dos Resíduos Sólidos na Casa Cor Goiás 2011 será realizado em três fases. Na primeira, que compreende o período de implantação da obra, prevê o diagnóstico da geração de resíduos, bem como o desenvolvimento, implantação e acompanhamento do projeto. Dentro desta fase, a Renove irá promover palestras de conscientização e formação ambiental junto aos funcionários da obra.

A segunda fase coincide com o período de realização da Casa Cor Goiás 2011 – de 13 de maio a 21 de junho – onde as atenções estarão voltadas para os resíduos gerados nos restaurantes, bares e cafés. Outra palestra de conscientização e formação ambiental será realizada para os prestadores de serviços diretos e indiretos que irão trabalhar no evento.

A educação ambiental também atingirá os visitantes da mostra. A Renove disponibilizará coletores personalizados e material publicitário informativo sobre a importância da coletiva seletiva para serem colocados em local definido pelas organizadoras da Casa Cor Goiás. Na última fase do projeto, a Renove dará suporte para a desmontagem do evento. Em todas as etapas, o lixo produzido será acondicionado inicialmente em coletores e posteriormente nas chamadas Big Bag’s

Destinação dos Resíduos – A Renove dispõe de um plano para destinar os resíduos da Casa Cor Goiás. Os resíduos de madeira serão reciclados pela empresa Cavacos Combustíveis de Biomassa, em Aparecida de Goiânia. Metais, plásticos, papelão, sacos de cimento, argamassa e isopor serão coletados pela “A Ambiental” - cooperativa de material reciclável. Instrumentos de aplicação usados como pincéis, rolos, trinchas e brochas serão encaminhados à empresa Ecoblending Ambiental, em Cezarina-GO. Já os itens de alvenaria, concreto, argamassas, cerâmicas e produtos orgânicos serão encaminhados ao Aterro Sanitário da Prefeitura de Goiânia, que é devidamente licenciado para receber este tipo de resíduo. A Renove só trabalha com cooperativas que fazem parte do programa “Goiânia Coleta Seletiva”, com 12 cooperativas beneficiadas, instituído em 28 de março de 2008, pelo decreto municipal 754.

Além da questão ambiental, a Renove também desenvolve um trabalho social. Todos os resíduos da Classe B, que tem valor econômico agregado, serão doados para a cooperativa “A Ambiental”, localizada na Rua Jandaia, Chácara Samambaia nº 16 – Condomínio Samambaia, em Goiânia-GO. Ao todo são 20 cooperados, que vivem exclusivamente de material reciclado. Já as tintas, pertencentes a Classe D, serão acondicionadas em coletores específicos e posteriormente doadas para a Pastoral da Moradia, vinculada a Igreja Santa Edwiges, que mantém um projeto de construção de casas populares para pessoas carentes.