“Figurinocenarioimaginario” – um show onírico criativo brasileiro

Senti orgulho de ver mais uma vez a diversidade cultural existente no brasil num espetáculo midiático para bilhões de espectadores.

Eu aguardei com muita ansiedade a transmissão da Festa de Encerramento das Olimpíadas de Londres, dia 12 de agosto. A noite começava a cair na cidade de São Paulo, quando assisti os 8 minutos de show brasileiro na casa de uma amiga onde algumas pessoas estavam reunidas. Comentei com o grupo sobre o momento brasileiro. A minha curiosidade estava na escolha do designer e estilista brasileiro Jun Nakao para assinar o figurino.

Senti orgulho de ver mais uma vez a diversidade cultural existente no Brasil num espetáculo midiático para bilhões de espectadores. Jun Nakao, com este nome estrangeiro é um brasileiro legítimo, levando desde o gari carioca até o maracatu num trailer do que o mundo pode esperar nas Olimpíadas Rio 2016. Não por acaso o mote do abraço multicultural da marca de 2016, criado pelo escritório Tatil Design do Fred Gelli, recebe neste show um abraço onírico de Arte e Folclore. Segundo o blog Jojoscope, Jun Nakao chamou este show de “figurinocenárioimaginário”. Além da criação de Jun, teve a coreografia de Suzana Yamauchi, a cenografia de Daniela Thomas e a direção artística de Cao Hamburger. Para os 8 minutos de espetáculo, aproximadamente 800 dançarinos voluntários foram selecionados e semanas de ensaio foram necessários.

Isso tudo é apenas parte do envolvimento destes profissionais já acostumados a colocar em ação, a criatividade, a sensibilidade, o bom gosto e talento brasileiro na arte de fazer de cada momento projetado, uma transformação em show e experiência marcante. De um desenho bidimensional em tridimensionalidade incrivelmente estético e inusitado.

Faço aqui uma homenagem à Economia Criativa Brasileira, transcrevendo o que Jun Nakao escreveu e assinou para o blog Jojoscope.

“Na noite de domingo, 12 de agosto de 2012, ao final da cerimônia de encerramento da trigésima Olimpíada em Londres, ocorreu a passagem da bandeira Olímpica para a futura sede em 2016, Rio de Janeiro. Neste momento da cerimônia, um gari, solitário em meio a imensidão de um estádio lotado, começa a varrer o palco. Renato Luis Feliciano Lourenço, mais conhecido como Sorriso, com um grande abraço e seu cativante sorriso rompe barreiras e apresenta o Brasil de seus sonhos para o Mundo. Um país onde todos são Reis e Rainhas, um país repleto de riquezas e de felicidade.

O que o Mundo vê a partir daí são imagens de um relato imaginário, de um sonho de um brasileiro, Reis dourados felizes em rufar seus tambores e fazer flutuar na imensidão do estádio a bateria de uma escola de samba, rainhas de escola de samba com dignidade e inteligente humor cult 70’s e iluminadas como num Cassino, a rainha das águas transportada por ondas conduzidas pela obra de nosso grande Maestro, Heitor Villa Lobos, índios coroados com cocares tecnológicos ensinando sabedoria ao Mundo através do necessário respeito e aprendizado com a natureza, Reis do Maracatu iluminados como um parque de diversão, um bispo do rosário e da racionalidade comandando o discurso atômico, capoeiristas em traje de gala desenhando o espaço aéreo para a chegada do nosso show man que com seu brilho, suingue e bossa apresenta a reluzente beleza da mulher brasileira refletida em cada movimento, casais pontuando cores sólidas através do movimento de seus corpos o entorno deste cenário, estruturas origamis, como os bichos de Lygia Clark e modernista como Athos Bulcão, pavimentam a avenida do nosso saber para em seguida ser calçada beira mar.

O fio condutor de todos os figurinos foi a simplicidade da linguagem e a gambiarra aparente. O traçado exposto. A magia e o truque compartilhados. Enfim, a inventividade e a generosidade inscrita no DNA da alma brasileira.

Que o sorriso do sonho desta noite nos acompanhe sempre que acordarmos!”