Por que a realização de pesquisas é tão importante na tomada de decisões para o setor de turismo e eventos?

No Brasil, infelizmente, ainda não vemos estabelecida no Brasil uma cultura de realizações de pesquisas como base sistemática para a tomada de decisões. Países como os Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Espanha, Austrália e Canadá, estão muito à frente no entendimento da importância da realização de pesquisas. Falamos muito sobre o ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act) como base do processo de melhoria contínua, mas continuamos sem gerar informações adequadas para que esse ciclo de fato possa propiciar a tal melhoria contínua que nos leve a um nível de excelência, seja no nível micro ou no nível macro. O fato é que sem pesquisa não há informação. E sem informação não há excelência. E sem excelência não há competitividade. Está mais do que na hora que nossos empresários, gestores públicos, decision makers do setor em geral entenderem a importância da pesquisa e da informação na tomada de decisões. A partir dessa momento a pesquisa, que com certeza é vista por muitos como um custo, passará a ser vista como um instrumento de busca de excelência e competitividade e, portanto, como um investimento.

Nos últimos anos, especialmente a partir da criação do Ministério do Turismo em 2003, a pesquisa na área de turismo e eventos passou a tomar uma forma um pouco menos insólita da que tinha nos anos anteriores. Apesar dos avanços, as pesquisas realizadas nesses dois importantes setores ainda se encontram muito aquém do que seria necessário para a profissionalização do setor, tanto na tomada de decisões, quanto no planejamento e monitoramento das metas e objetivos a serem alcançados. A realização de pesquisas talvez seja o ponto de contato mais importante entre universidades e mercado, pois é através delas que as universidades podem colocar à disposição todo o ferramental metodológico necessário à sua realização e, por outro lado, seus resultados podem servir ao mercado como bússola para guiar os próximos passos para a realização de suas estratégias. Neste post vou tratar apenas das pesquisas relativas à área de economia do turismo, já que é essa minha área de atuação.

Para entendermos melhor a importância da pesquisa para o setor de turismo e eventos, vale aqui diferenciar as pesquisas feitas para a atuação das empresas para um mercado local ou regional, que aqui identificarei como nível micro, e as pesquisa realizadas para o mercado como um todo, aqui identificado como nível macro. Obviamente que existe uma relação entre esses dois níveis de pesquisa, mas dependendo dos objetivos que se deseja alcançar lançaremos mão de um ou de outro tipo de análise. Por exemplo, fazer uma pesquisa de concorrência em nível local pode ser importante para um determinado tipo de empresa, porém pode ser pouco útil se essa empresa tiver atuação nacional. Outra diferenciação importante diz respeito à pesquisas estruturais e das pesquisas conjunturais. As pesquisas estruturais são aqueles onde são medidas variáveis que mudam lentamente ao longo do tempo. Pesquisas que medem a idade da população, a oferta de atrativos turísticos, estoque de investimentos na economia são pesquisas de cunho estrutural, já que procuram identificar como muda a estrutura populacional ou social ou de um determinado setor da economia. Já as pesquisas conjunturais são aquelas que medem determinada situação em dado momento. Medem, portanto, oscilações momentâneas de determinada variável que refletem sazonalidades, expectativas, ou perturbações medidas num instantâneo do tempo. Pesquisa que medem o clima empresarial, expectativas de viagens nos próximos meses, são pesquisas tipicamente conjunturais.

Um dos principais fatores de sucesso para as empresas, independente do seu tamanho, está no levantamento de informações sobre o ambiente no qual estão inseridas. Seja esse ambiente interno ou externo à empresa. Questões-chave para que as empresas alcancem o sucesso, tais como o estabelecimento de metas, a capacidade de correr riscos calculados, a constante busca de informações mercadológicas, realização de planejamento e monitoramento sistemáticos, constante exigência de qualidade e eficiência devem estar fundamentadas em pesquisas que gerem informações sólidas para que suas análises e decisões encontrem respaldo na realidade que estão inseridas. Não é incomum, por exemplo, vermos empresas realizarem seu planejamento estratégico sem o conhecimento das necessidades e expectativas de seus clientes, ou sobre quem são seus concorrentes mais importantes e quais ações pretendem implementar.

Quando pensamos no setor de turismo e eventos no nível macro, a importância das pesquisas e análises sobre o mesmo fica ainda mais proeminente, pois é nesse nível que é possível avaliar e planejar os caminhos que os agentes nele envolvidos (empresas, associações, setor público, consumidores e universidade, apenas para citar os players mais importantes) gostariam que o setor como um todo trilhasse. Assim, é a partir do levantamento de informações, tanto estruturais quanto conjunturais, avaliando o setor no nível macro, que é possível pleitear a elaboração de políticas públicas que potencializem os negócios do setor, ao mesmo tempo que desenvolvam regras que balizem seu funcionamento. Adicionalmente, tal levantamento fornece subsídios para o acompanhamento sistemático do mercado, além de, adicionalmente, permitir a estruturação de ações que sejam do mercado para o próprio mercado. Uma pesquisa estrutural importante para o setor de eventos foi o "II Dimensionamento Econômico da Indústria de Eventos -2013", realizada pela ABEOC Brasil e pelo SEBRAE Nacional, tendo sido executada pelo Observatório do Turismo da Universidade Federal Fluminense.

No Brasil, infelizmente, ainda não vemos estabelecida uma cultura de realizações de pesquisas como base sistemática para a tomada de decisões. Países como os Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Espanha, Austrália e Canadá estão muito à frente no entendimento da importância da realização de pesquisas. Falamos muito sobre o ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act) como base do processo de melhoria contínua, mas continuamos sem gerar informações adequadas para que esse ciclo de fato possa propiciar a tal melhoria contínua que nos leve a um nível de excelência, seja no nível micro ou no nível macro. O fato é que sem pesquisa não há informação. E sem informação não há excelência. E sem excelência não há competitividade. Está mais do que na hora dos nossos empresários, gestores públicos, decision makers do setor em geral entenderem a importância da pesquisa e da informação na tomada de decisões. A partir dessa momento a pesquisa, que com certeza é vista por muitos como um custo, passará a ser vista como um instrumento de busca de excelência e competitividade e, portanto, como um investimento.